Edição 756
Karaté em crescimento na AR S. Pedro da Maganha
No dojo do S. Pedro da Maganha há atletas dos sete aos 57 anos, uns ainda a ganhar experiência, e outros a dar cartas – e muitas – na competição.
No chão, um extenso tapete preto, no teto uma estrutura que sustenta dois sacos de boxe. Quem vê de fora, não imagina que um dos principais salões da sede da Associação Recreativa S. Pedro da Maganha se transformou num dojo de karaté, onde lá treinam cerca de uma dezena de pessoas. Os treinos acontecem às quartas, sextas e domingos.
Dominam os jovens, que, mal chegam ao tatame “improvisado”, começam os exercícios de aquecimento. “Alguns eram muito indisciplinados lá fora. Nem sabe o que evoluíram desde que cá chegaram”, conta, orgulhoso, Mário Ramalho, coordenador da secção e praticante de karaté há muitos anos.
A mais recente conquista deste amante da arte marcial foi trazer a esposa, Alice, a experimentar o tatame também. A mulher olha, tímida, e acena a cabeça, em sinal afirmativamente. “Chateou-me durante muito tempo. Eu achava que isto não era para mim, mas desde que comecei que noto que ando muito melhor”, confessou a mulher, que testemunha os benefícios que o karaté lhe deu em termos físicos e psicológicos.
O sensei Fernando Santos fala deles com mais detalhe: “Serenidade, melhoramento da postura social e, se lhe quisermos chamar assim, este é um desporto que não é individualizado, mas sim vivido em comunidade, porque precisamos do outro para poder praticar. Depois, a nível físico, temos a flexibilidade, a destreza, o equilíbrio. Eu costumo dizer que no karaté encontramos tudo, até o que os outros não têm”.
No dojo do S. Pedro da Maganha há atletas dos sete aos 57 anos, uns ainda a ganhar experiência, e outros a dar cartas – e muitas – na competição. Pedro Matos vive no Porto, mas costuma deslocar-se à Maganha para treinar com Fernando Santos. Na flor da idade já colecionou “54 primeiros lugares” e numa das épocas “foi totalista”. “Nas 13 competições em que participou, venceu todas. Nasceu para isto. Atualmente, é o campeão nacional de cadetes em kata”, sublinha o sensei.
O gosto pelo karaté nasceu sob a influência dos “desenhos animados” que Pedro via quando era criança. Depois, quando a irmã começou a praticar, os pais aperceberam-se que o pequeno imitava os movimentos e decidiram colocá-lo, também, num dojo. “O karaté dá-te mais foco, aqui sinto-me mais concentrado, vou para outro mundo onde mais nada existe”, descreve.
Quanto aos segredos para se ser campeão, Pedro considera que tem haver uma conjugação de vocação e empenho. “Tens de nascer com isto dentro de ti, mas sem treino árduo também não vais a lado nenhum”.
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