Ano 2009
ADEUS BUSH – Não deixa saudades
A tomada de posse de Barack Obama, e a consequente saída de George W. Bush da presidência dos Estados Unidos da América, não pode deixar de constituir uma notícia positiva, quer para os próprios Estados Unidos, quer para os outros países.
Sem pretender ser um analista político, considero o mandato de Bush como negativo para todos, por aquilo que representou, de prepotência, espírito falcão, desprezo pelo meio ambiente e desrespeito pela legalidade.
O protocolo de Quioto, imprescindível e insuficiente para combater os efeitos da poluição, que teve participação activa do anterior presidente, Bill Clinton, e do seu vice-presidente Al Gore, foi grosseiramente ignorado por Bush.
Prepotentemente, George W. Bush ignorou as Nações Unidas, as leis internacionais, os seus aliados e amigos e desencadeou uma invasão ilegal e assassina a um país soberano, o Iraque. Baseado em mentiras grosseiras, inventou as armas de destruição maciça, para justificar a invasão e transformou o Iraque num inferno onde morreram milhares de inocentes que já eram vítimas duma ditadura. O Iraque deixou de ser uma ditadura de Saddam Hussein para passar a ser outra ditadura onde reina o caos e a insegurança. Substituiu-se uma ditadura por outra ditadura mais feroz porque está imbuída de espírito de vingança.
Durante o seu mandato, foram ignorados os mais elementares direitos dos cidadãos, americanos ou não, nas prisões de Abu Ghraib e Guantánamo. Os métodos de interrogatório passaram a permitir os meios de tortura a pretexto de que eram terroristas. Isto significa que esses cidadãos eram prisioneiros sem culpa formada e a prisão era autorizada sem que fosse reconhecido às pessoas o direito a um julgamento.
Estes factos são tanto mais graves quanto praticados por um país que se afirma como a maior democracia do mundo e que pretendeu exportar a democracia.
Creio não ter sido por mero acaso que o conflito entre israelitas e palestinianos conheceu fases de agudização durante a administração Bush.
Bush passou os últimos meses a procurar justificar-se. Ganhou uma humildade que não assenta bem em quem é, naturalmente, prepotente e arrogante.
Os eleitores norte-americanos quiseram um volte-face e votaram na ruptura. Elegeram um candidato mestiço, o que significa um passo de gigante num país onde a tolerância racial não eram um dos seus pontos fortes.
Barack Obama tem-se mostrado diferente de Bush. Penso ser melhor para os Estados Unidos, a superpotência cuja decadência já se iniciou, e também melhor para o mundo.
Goste-se ou não, os Estados Unidos, são a maior potência mundial e o que lá se passa tem influência à escala mundial.
Esperemos, para bem de todos, que Obama seja bem sucedido na correcção dos pontos negros deixados por Bush e, sobretudo na recuperação económica.
Sou dos que acreditam que vai desiludir, por duas razões: porque as expectativas são muito elevadas, não lhe deixando grande margem de erro, e porque irá sempre defender os interesses americanos e não os dos outros países.
Não tem como ser pior que o antecessor e, por isso, acredito que o mundo vai melhorar.
Afonso Paixão
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