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Todos lixados!

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Diz-se que “a coisa pública” não é especificamente de ninguém, mas a todos pertence, facto que a torna um dos bens mais preciosos, dela dependendo muito a qualidade da nossa vida coletiva. As decisões, e a gestão desses bens, num Estado de direito democrático, está confiado aos titulares de cargos públicos e políticos, estes últimos, eleitos em função de um programa eleitoral.

Nesta ordem social, para a gestão do território municipal, está legalmente contemplada a existência de um instrumento designado de Plano Diretor Municipal (PDM) que define o quadro estratégico de desenvolvimento, no fundo o que pode, ou não pode, ser construído em cada sítio. Funciona como um “guião” que além de classificar os solos, como urbanos ou rurais, ainda os qualifica tornando-os afetos a zonas habitacionais, industriais, agrícolas, florestais, desportivas, etc.

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Assim, se na natureza não há rio sem nascente, no território não nascem infraestruturas se não estiverem previstas no seu PDM por expressa vontade dos decisores municipais – a Trofa não é exceção!

Nesta lógica, o executivo de Sérgio Humberto, operou diversas alterações nesse plano de ordenamento de território, em 2018, atestado pelo publicado no Diário da República de 9 de maio, ou seja, debruçou-se sobre a temática. Na publicação, consta no artigo 110º – UOPG 3.1- Covelas: a recuperação de toda a área circundante ao antigo Lar do Emigrante (aproximadamente 16 hectares) para atividades empresariais, industriais e logísticas, equipamento, comércio e serviços, havendo, por isso, clara intenção de que aquela zona fosse objeto de profundas alterações, correndo presentemente rumores de que há negociações, com o processo em fase avançada de licenciamento no município, para instalação de uma indústria com atividades potencialmente nocivas, face às características da zona!

Já nos terrenos contíguos, os da polémica, para a instalação de uma lixeira, tem havido, igualmente, processos de licenciamento instruídos, com alterações específicas a decorrer, que abrem portas legais à infraestrutura (https://sig.mun-trofa.pt/PDM).

Isto tudo, bem lá no meio do monte, numa zona preponderantemente florestal, com nascentes de cursos de água e com uma potencialidade enorme para tantas e tantas outras coisas…. Teria mesmo esta zona, lá nos confins do território, encostada a uma defunta lixeira (que Santo Tirso extinguiu em 2016), de ressuscitar para receber aquilo que outros não querem? Sérgio Humberto entendeu que sim, agindo, sabe-se agora desde o final de 2017, e afirmando-se, publicamente, como um acérrimo defensor do projeto, para o qual só enumera vantagens! Estranha-se, no entanto, que tendo enfrentado um ato eleitoral, em outubro de 2017 (o que o reelegeu para o mandato 2017/2021), não tenha incluído a intenção no seu programa eleitoral. Se eram só vantagens porque não o referiu nessa altura?

Mas, o não menos surpreendente é a forma como o edil mudou de posição, de maio para junho, comportando-se agora como uma criança que fez asneiras e precisa de chamar o papá e a mamã, neste caso, o povo para colocar uma “bomba atómica” e “cortar estradas” (segundo entrevista ao Porto Canal).

Conhece, assim, a Trofa mais um episódio surreal na sua história: um presidente de câmara “abandona” a mesa de trabalhos, local para o qual foi eleito e onde deveria cumprir a sua função, fazendo tábua rasa do que defendeu, do que negociou e do que vinculou os trofenses, para assumir um comportamento de instigador a insurreições da população, tentando com isso colher benefícios de uma política radical da qual não se conhecem vantagens… Não seria mais benéfico o Sr. presidente colocar o seu melhor fato e a sua melhor gravata, esforçando-se por tentar corrigir os seus próprios erros e minimizar os impactos negativos que este processo traz para todos nós?

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