Crónicas e opinião
Memórias e Histórias da Trofa: José Gonçalves dos Santos Um guidoense na I Grande Guerra
Não vai longe no tempo em que se comemorou mais um aniversário do grande desembarque de tropas portuguesas em território francês para combater na Primeira Grande Guerra. Contudo, esses homens, entre os quais naquela enorme massa humana havia vários trofenses, não foram os primeiros a serem destacados para o primeiro grande conflito, porque muitos outros já estavam em África, concretamente em Angola e Moçambique, a lutar contra o exército alemão para manter como pertença do império colonial português aqueles territórios.
Na realidade, a historiografia teve ao longo dos anos uma atitude bastante preventiva em abordar estes assuntos e praticamente a participação lusa naquele cenário de guerra é ignorada por grande número de historiadores, atendendo ao elevado número de vítimas, as dificuldades extremas que aqueles jovens portugueses enfrentaram com muitos a morrer de doenças e não de ferimentos de balas ou granadas.
Existiu um esforço por indagar o nome dos soldados e oficiais trofenses que participaram nesse conflito e no meio de dezenas de histórias eis que surgiu a de José Gonçalves Santos, soldado do Regimento de Infantaria 31, a unidade que mais soldados trofenses teve a participar neste conflito, com a presença de soldados de praticamente todas as freguesias naquele regimento.
O referido José Gonçalves Santos iria falecer em Moçambique, no dia 10 de julho de 1917, sendo a causa da sua morte um acesso pernicioso de forma delirante. Resumindo, este soldado teve um acesso delirante que iria causar a morte, talvez no seguimento de alguma febre tropical, acabando por não ser possível reconhecer a sua sepultura.
Era um acontecimento comum os soldados portugueses terem bastantes dificuldades em lidar com as várias doenças que eram habituais naquele território e iriam pagar essa inaptidão com a própria vida.
Procurando o seu assento de nascimento, foi possível perceber que tinha nascido em 31 de dezembro de 1894, tendo apenas 22 anos à data da sua morte, com o seu pai a ser natural de Guidões e a sua mãe do Muro, com a informação importante que apesar da sua tenra idade, em 1913, tinha contraído casamento com 19 anos.
Uma vida jovem que se perdia com apenas 22 anos em Mocímboa da Praia, próxima à fronteira com a Tanzânia, uma antiga colónia alemã, sendo impossível de pensar os impactos da sua partida para um conflito em territórios longínquos em que iria morrer deixando a sua viúva e a sua família sem nunca poderem velar o seu corpo que ficou para sempre em Moçambique.
Histórias de vidas…
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