Ano 2008
A CRISE DOS MERCADOS FINANCEIROS
Chegará aos bolsos do cidadão
Nos últimos dias, temos sido bombardeados por notícias que nos dão conta que existe uma crise de grandes dimensões no sistema financeiro internacional.
Essa crise teve reflexos imediatos com algumas falências e outras quase-falências dalguns dos maiores bancos mundiais.
As Bolsas de Valores reflectiram, de imediato, essa crise nas acções cotadas, de tal modo que algumas cotações tiveram quedas próximas dos 50%.
Esta crise financeira irá, inevitavelmente, ter consequências na chamada “economia real” e, por consequência, no emprego e no poder de compra dos cidadãos.
Portugal, uma economia totalmente aberta ao exterior, sofrerá as consequências na sua plenitude. É de esperar reflexos sobre o emprego e sobre os salários. Salários em atraso pode ser um cenário a verificar-se com mais frequência do que a actual.
O final de 2008, e todo o ano de 2009, será, com muita probabilidade, uma fase a que teremos que nos habituar a conviver com mais dificuldades.
Esta crise nos mercados financeiros não apareceu de surpresa: já no Verão de 2007, havia bancos, sobretudo nos Estados Unidos, que começaram a ter grandes dificuldades de sobrevivência. Esses bancos apostaram, talvez excessivamente, nos créditos de risco elevado, o muito falado sub prime, e os clientes não tiveram capacidade para pagar as prestações.
Gerou-se um efeito de bola de neve porque esses riscos estavam já distribuídos por muitos bancos, na maior parte dos casos, em fundos de investimentos de grande rentabilidade, e gerou-se um efeito dominó.
A globalização trouxe rapidamente o problema para a Europa e começou a faltar dinheiro no mercado de tal modo que os bancos começaram a ter receios dos outros bancos e a recusar financiar-se uns aos outros, agravando essa falta de dinheiro.
As actuações dos Bancos Centrais e dos Governos, para minimizar os efeitos produziram alguns resultados mas receia-se que sejam insuficientes. A actuação do Governo português pareceu-ma acertada pela tranquilidade que procurou transmitir aos mercados e aos aforradores. As poupanças estão garantidas e as pessoas que têm o seu dinheiro depositado no banco podem ficar tranquilas.
A falta de dinheiro na economia está já a ter consequências nas empresas e nos particulares, que têm muitas mais dificuldades de financiamento.
A economia poderá ter um forte abrandamento e é possível que, com falta de trabalho, o desemprego aumente, agravando as dificuldades das famílias.
É tempo de prevenir. Não assumir muitos encargos será talvez a medida mais acertada para as nossas famílias. Àqueles que já têm encargos, talvez seja útil consultarem o seu banco para encontrar, antecipadamente, prazos mais alargados para que possam comportar as prestações e não entrarem em incumprimento.
Esperemos que não se confirme o pior dos cenários e a economia possa adaptar-se rapidamente. Prevenir para minimizar os efeitos, pode ser útil.
Afonso Paixão
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