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Memórias e Histórias da Trofa: E o velho celeiro?

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Quem coleciona postais sobre a Trofa ou até se fizer um pequeno exercício de memória irá se lembrar certamente do antigo celeiro da nossa localidade que era junto à antiga estação dos Caminhos de Ferro, o próprio edifício é uma das imagens de marca deste nosso burgo.

Aquele edifício imponente, durante bastante tempo o edifício mais alto nos limites geográficos da Trofa que impunha respeito pela grossura das suas paredes e também sobretudo pela sua varanda no topo e as várias janelas em redor que lhe permitiam sentir a usa presença.

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Uma marca de um passado, elementos construtivos usados na sua construção que marcavam uma época que merecia melhor destino do que aquele que teve, que as garras de um buldózer.

A sua construção ocorreu no início dos anos 20, para a instalação de uma indústria moageiro de trigo naquelas instalações, aquele tipo de indústrias era altamente rentável porque existia uma enorme carência de farinhas para a panificação.

Era comum a preocupação de haver um abastecimento de farinha nas várias localidades, mas sobretudo nos meios urbanos que iam crescendo a um ritmo acelerado, na tentativa de mudar a paisagem rural para um meio urbano.

Naquela fase da história, não estavam esquecidas as “situações complicadas” como as verificadas em anos anteriores da 1º Grande Guerra com a falta de farinha e respetiva falta de pão que causava o pânico e mesmo casos de fome na população. Ninguém queria voltar a passar pelo mesmo.

Não é por acaso que nos primeiros anos de governação de Oliveira de Salazar, a sua grande preocupação foram as célebres “Campanhas do Trigo” para garantir que não houvesse mais condicionamento alimentar e obviamente que estômagos cheios são menos sensíveis à revolta.

A indústria moageiro não se concretizou e como o edifício estava construído o mesmo foi vendido pelo seu proprietário à EPAC com a empresa a utilizar aquelas instalações para guardar os cereais que recolhia na região.

O crescimento da produção de cereais em especial o trigo, motivou que ao fim de alguns anos se torna exíguo, sem capacidade de respostas para albergar aquele aumento de produção e obrigou à construção de um edifício próximo, contudo, isto seria sol de pouca dura e a produção de cerais voltou a descair ficando aquele edifício disponível.

Procurando ter uma função de apoio à comunidade, a EPAC cederia aquelas instalações a várias associações locais, nomeadamente com o Ginásio da Trofa a ocupar o primeiro andar, quantos e quantos não se lembram de terem feito ginástica naquelas instalações? Ficando a Banda de Música e o Ranho das Lavradeiras da Trofa com o 2º andar.

Esteve à venda várias vezes pela EPAC e pouco interesse demonstrou em potências compradores até a um dado momento que acabaria por servir o seu terreno para a construção de mais prédios de habitação.

Um cenário repetido imensas vezes na Trofa com as suas antigas instalações industriais a serem demolidas e a nascer no seu terreno os vários edifícios habitacionais para albergar a enorme comunidade que escolhia a Trofa para viver, construir família e sobretudo criar raízes.

José Pedro Reis

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