Crónicas e opinião
Mais Saúde: O que é preciso saber sobre a febre em crianças e adolescentes?
A febre é dos sinais de doença mais frequentes em idade pediátrica e é muito valorizada pelos pais. Antes de mais, convém saber que, a febre é um sinal e não uma doença.
A febre surge como manifestação de resposta a várias agressões, permitindo o combate aos microrganismos que morrem com a elevação da temperatura. Por isso, pode surgir em várias infeções, a maioria das vezes benignas, nomeadamente: infeções víricas ou bacterianas autolimitadas, como otites, amigdalites, bronquiolites, gastroenterites agudas, etc…
Existem também vários locais onde se pode medir a temperatura corporal. Os locais mais usuais são debaixo da axila e no reto, pela colocação do termómetro no ânus. Sabe-se que a temperatura retal é o método mais rigoroso, por isso, sempre que possível deve orientar-se os pais para este tipo de medição.
Considera-se febre, consoante os locais de medição: retal ≥38ºC e axilar de ≥37,6 ºC. Contudo, há várias particularidades na sua medição. Por exemplo, na avaliação da temperatura retal deve esperar-se pelo primeiro toque do termómetro digital e, três minutos de no caso de ser um termómetro de mercúrio. Quanto à temperatura axilar deve-se colocar o termómetro, esperar cinco minutos e, só depois ligar o mesmo, para se avaliar a temperatura mais aproximada da temperatura real.
O objetivo do tratamento da febre na criança, visa apenas minimizar o desconforto da criança ou adolescente, e não, a normalização da temperatura.
Portanto, medica-se com antipirético se a criança ou adolescente se estiver efetivamente com febre e causar desconforto para a mesma. Também, se deve prescrever o antipirético de primeira escolha, o paracetamol, e tomá-lo de forma isolada. Pode ser administrada até um intervalo mínimo de quatro horas. A administração alternada de dois antipiréticos deve ser desaconselhada, a menos que se mantenha ou recorra a febre com desconforto antes do tempo mínimo de nova administração de paracetamol.
Os pais devem estar atentos aos sinais de alarme. Estes são mais importantes que a próprio valor da febre. Os sinais de alarme são: irritabilidade; sonolência excessiva ou incapacidade em adormecer; convulsão; aparecimento de manchas na pele nas primeiras 24-48h de febre; respiração rápida ou dificuldade em respirar; vómitos repetidos entre as refeições; recusa alimentar completa superior a 12h, principalmente em crianças com menos de 1 ano; sede insaciável; dor perturbadora; choro inconsolável ou criança que não tolera o colo; lábios roxos; dor ou dificuldade em mobilizar um membro ou alteração da marcha e urina turva ou com mau cheiro.
Assim, é motivo de recorrer aos serviços de saúde aquando e qualquer presença de algum dos sinais de alarme referidos. Também se criança com menos de 3 meses; temperatura axilar ≥ 39ºC ou retal ≥ 40ºC, se idade inferior a 6 meses; temperatura axilar ≥ 40ºC ou retal ≥ 41ºC, se idade igual ou superior a 6 meses ou febre em crianças/adolescentes com doença crónica grave.
Há alguns mitos e verdades sobre a febre.
Relativamente às verdades, são consideradas as seguintes:
1- O tratamento da febre (antipiréticos) não encurta a duração da febre nem contribui para a resolução da doença causal
2 -Se a temperatura não voltar ao normal após a administração dos antipiréticos, só por si, não é sinal de gravidade desde que baixe de 1,0º a 1,5ºC
3 – O tratamento da febre não serve para prevenir convulsões febris que, globalmente, são pouco comuns
4- As convulsões assustam quem as presencia, mas, em regra, não provocam danos cerebrais
5- Estão desaconselhadas medidas de arrefecimento (banho, compressas húmidas, ventoinhas)
6- As viroses, responsáveis pela grande maioria dos episódios febris, duram, em média, 4 dias completos
Relativamente aos mitos, portanto, não são sinais de alarme, se:
1 – A temperatura não voltar ao normal, mesmo com antipiréticos
2 – Picos de febre com intervalos inferior a 4 horas
3 – Febre com duração até 5 dias
4 – A criança ficar mais parada, mais caída, mas consegue estar sentado no colo e/ou sair da cama sozinha
5 – Dormir mais do que o habitual, desde que não” excessivo”
6 – Comer pouco, mas aceita o leite e/ou outros líquidos nutritivos
7 – Ter 1 ou 2 vómitos esporádicos
8 – Ter um período de choro intenso, mas transitório (inferior a 2-3 horas)
9 – Delírio durante os picos febris
Dra. Inês Flor Cunha
Médica
Se tiver alguma dúvida ou sugestões para outros temas a abordar nesta rubrica, pode entrar em contacto para o email doutorpedrocouto@gmail.com
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