Crónicas e opinião
Memórias e Histórias da Trofa: O 1.º Treinador do Clube Desportivo Trofense
Abordado por vários leitores na tentativa de perceberem quem foi Júlio Cardoso, nesta última crónica antes das férias resolvi escrever umas linhas sobre essa figura da história do futebol que deu muito à prática da modalidade na Trofa.
Júlio Cardoso numa entrevista em junho de 1926, enquanto defendia as cores do Futebol Clube do Porto era apontado como um dos melhores defesas do clube e do futebol português abordava um pouco da sua história de vida.
Nascido em Lisboa a 15 de julho de 1896, começando a sua carreira no grupo infantil do Luso Sporting Club, pouco tempo depois passou para a Escola Marquez de Pombal, comum à época as escolas terem equipas formadas pelos seus alunos a jogarem contra várias instituições de ensino em torneios e campeonatos.
Jogaria em vários torneios pelo Cruz da Pedra e Palmeirense. Numa fase posterior entrou no Lisboa F. Club, indo em pouco tempo jogar para o Sport Lisboa e Benfica, mudando-se por motivos pessoais para a cidade do Porto, jogando no F.C. Porto e tornando-se inclusive capitão da equipa.
No seu percurso a defender as cores do clube da invicta acabaria por ser campeão de Portugal por duas vezes (épocas de 1921/22 e 1924/25). Momentos históricos da sua carreira que representou dois dos maiores clubes nacionais.
Chefe de família, pai de uma menina e como o futebol era apoiado num profissionalismo encapotado tinha paralelamente à profissão de futebolista o trabalho de recetor de notícias do Comércio do Porto, sendo o responsável por receber no telégrafo sem fios as informações noticiosas vindas de várias cidades do país.1
Sendo treinador, acabaria por atuar em vários jogos também como jogador e nas crónicas da época demonstravam que era um jogador de uma garra incrível, o dito “raçudo” que jogava duro, mas leal, colocando um enorme respeito no jogo com os seus adversários a ficarem em sentido nos desafios contra o grémio da Trofa.
Um dos principais obreiros pelo início vitorioso do Trofense que repetidamente vencia o seu campeonato concelhio, não havendo adversários para acompanhar o seu ritmo.
Enorme atitude, desmedida entrega à causa desportiva do Trofense, recebendo um clube numa fase embrionária, mas colocando-o na rota dos títulos e acabaria por ser fundamental para a expansão desportiva dando também aulas de ginástica aos mais novos fundando uma academia de ginástica.
Urge recuperar esta figura da história da Trofa, da história do Clube Desportivo Trofense que muito deu ao clube, saindo posteriormente para o Gil Vicente.
1 Sporting, Os azes revelados por si mesmos…, pag.11 16.07.1926
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