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Ano 2008

Em Alcochete … Jamais! E agora?

Publicado

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jose moreira da silva

Depois de nove anos e mais de vinte e cinco milhões de euros gastos, em estudos e mais estudos e passado que foi um ano, desde que o ministro Mário Lino ter popularizou o "jamais" ao dizer peremptoriamente que o novo aeroporto em Alcochete… Jamais, chegou finalmente a "decisão irreversível".

   Afinal, Alcochete, é a decisão do Governo! O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou a decisão prévia e preliminar de escolher Alcochete como a localização do novo aeroporto internacional de Lisboa. Depois de grandes polémicas que se prolongaram por demasiado tempo, em termo das opções existentes e que subiram de tom quando o ministro Mário Lino, durante um almoço promovido pela Ordem dos Economistas, afirmou que a margem sul do Tejo era um deserto e que era faraónico construir um aeroporto na margem sul; onde não há gente, não há escola, não há hospitais, não há indústria, não há comércio, não há hotéis, acrescentando, que todos os especialistas que ouviu sobre a referida localização lhe disseram: «na margem sul jamais».

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A decisão de o país construir um novo aeroporto em Lisboa, parte do pressuposto de que Portugal é um País que está fora das agendas dos grandes operadores turísticos internacionais, que tem filas de espera de voos sem horários para aterrar e que a TAP cresce depressa demais para o que o aeroporto de Lisboa pode comportar. Assim, inventou-se a utilidade do critério técnico, para suportar aquilo que teria que acontecer: uma decisão politica.

Um relatório técnico pode aconselhar e até vetar mas não vota. São todos assim, só vetam, não votam. O do LNEC também assim é e, por isso, a decisão é política. Os custos da construção desta obra rondam os quase cinco mil milhões de euros. Mil milhões de contos é mesmo muito dinheiro!!! Porque a decisão é política, o primeiro-ministro decidiu ser ele próprio a anunciar, sentado em conferência inédita, ao lado do ministro Mário Lino, a escolha em Alcochete.

Na semana em que o Governo teve de reconhecer que afinal o crescimento económico em 2008 ficará abaixo do que anunciou e que o PIB vai crescer abaixo das suas expectativas e ao mesmo tempo que teve de recuar no referendo ao Tratado da União Europeia, José Sócrates veio dizer que afinal não vai haver referendo, contradizendo aquilo que disse em campanha eleitoral (já é corriqueiro dizer uma coisa e fazer outra!) e para abafar estas decisões, anunciou na mesma semana, a localização do novo aeroporto internacional de Lisboa.

Com tanta decisão, porque não se decide, o primeiro-ministro, a despachar o ministro Mário Lino que se tornou numa figura fracassada nas Obras Públicas e que deixa de ter condições para continuar no Governo, já que assumiu vários compromissos públicos sustentados em estudos diversos que apontavam para que o novo aeroporto internacional de Lisboa se construísse na OTA?

Este ministro do governo socialista, que tantos erros políticos já cometeu será, que aprendeu de vez a nunca mais dizer nunca. Jamais! Para corrigir este seu erro, o ministro deverá de seguida mandar "gente" e abrir "escolas" na margem sul, para que deixe de ser um "deserto"!

Este processo é mais uma boa lição para a intransigência e a arrogância do Governo. Será que desta vez aprendeu a lição?

 

José Maria Moreira da Silva

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