Ano 2007
Revolução das mentalidades: novo ano, nova oportunidade, velhos problemas.
O início de um novo ano representa sempre uma nova oportunidade, uma nova esperança. Há como que uma renovação e todos sentem uma grande expectativa que algo melhore, que os velhos problemas se dissolvam com o bater das doze badaladas e que novas oportunidades surjam com a entrada do novo ano. Não passa de uma breve ilusão, mas ainda assim é uma ilusão que nos deixa felizes por breves instantes.
E são mesmo só breves instantes de ilusão, pois surgem logo nos noticiários os anúncios de aumentos de preços dos combustíveis, das energias, dos transportes públicos, dos bens essenciais como o pão e o leite, e assim chegamos rapidamente à conclusão que o magro aumento dos salários que iremos receber no final do mês de Janeiro não será suficiente para fazer face a estes aumentos do custo de vida. Começamos o novo ano com a angústia de percebermos que, uma vez mais, perdemos poder de compra.
Mas não são só estas as más notícias para 2008. Os mais atentos já compreenderam os sinais que o Banco Central Europeu tem vindo a emitir. Prevê-se para 2008 o pior ano para a economia europeia dos últimos tempos e, claro está, que Portugal irá somar essas dificuldades às muitas que por cá já são quase endémicas. A situação do desemprego não para de aumentar, o endividamento das famílias agrava-se com a subida da taxa de juros, a carga fiscal continua a asfixiar as famílias e as empresas, os combustíveis fósseis prosseguem num ritmo de aumento insuportável e a economia real, aquela que os cidadãos comuns sentem nos seus bolsos, aparenta atingir os limites do insustentável.
Aos problemas da economia, acrescente-se o aparente aumento da criminalidade violenta, da eterna falta de celeridade e confiança no sistema judicial, a escassez de efectivos das forças de segurança, as listas de espera intermináveis nos Hospitais públicos, o encerramento de serviços de urgência e de maternidades, as novas portagens nos IC's, e chegamos rapidamente à conclusão que quase seria desejável parar o relógio e não permitir que as doze badaladas do dia 31 de Dezembro se concretizassem.
Bom, pelo menos temos o futebol… pois, já me esquecia, o futebol, esse anestésico, esse analgésico que nos faz esquecer e aliviar as dores de cabeça. Ainda bem que chega 2008! É o ano do Europeu de futebol e Portugal está apurado para a fase final. Já se adivinha um mês em que todos estaremos colados à TV a sonha com um título de campeão europeu, com o Sr. Scolari a apelar ao espírito patriótico, ao hino nacional, à bandeira nas janelas e cachecóis ao pescoço.
O F. C. Porto, como habitual, já vai embalado para mais um título de campeão nacional (esta é a maior dor de cabeça dos benfiquistas e sportinguistas) e com ou sem julgamento do dito "apito dourado." E em 2008 o nosso Trofense esta baloiçado para ascender à primeira divisão. Mais um motivo de esperança que, com um pouco de sorte, se pode concretizar. Pelo trabalho que esta direcção tem desenvolvido bem merece esse prémio.
Ah! Não posso esquecer o nosso Cristiano Ronaldo. Será finalmente considerado em 2008 o melhor jogador do mundo? Ele já se considera como tal, mas esperemos que quem de direito lhe confira esse título este ano. Todos ficaremos orgulhosos e ninguém hesitará em considerar tal título como um grande feito Nacional e o pobre Cristiano já terá argumentos para aumentar ainda mais uns milhões às suas cláusulas contratuais.
Desculpem, afinal não parem o relógio. Venham as doze badaladas a anunciar o novo ano de 2008 que o futebol nos enche de esperança numa vida melhor!!!
Que importa se Portugal está a cair no índice de desenvolvimento humano, que importa se a economia nacional foi ultrapassada pela de muitos dos mais recentes membros de União Europeia, que importa se o poder de compra dos portugueses é um dos piores da Europa ou que a taxa de desemprego em Portugal é das que mais cresce na União a 27. Venha daí 2008 que o futebol promete momentos inesquecíveis que encherão os portugueses de orgulho pela capacidade e feitos desta grande Nação que é Portugal.
Feliz Ano Novo
Helder Santos
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