Edição 663
A saúde está doente
Nesta época do ano, em que as urgências hospitalares estão numa situação caótica, a governação decide não dar respostas, não assumir responsabilidades e faltar a compromissos anteriormente assumidos para com os técnicos de saúde originando uma degradação visível em todos os aspetos nos cuidados de saúde. Por isso é que os profissionais de saúde decidiram mostrar o cartão vermelho ao governo através da marcação de greves para os próximos dias.
A greve dos médicos para a segunda quinzena deste mês de março foi marcada por diversas organizações representativas da classe. Entre outras estruturas representativas destes profissionais, a greve foi marcada pelo Sindicato Independente dos Médicos, Federação Nacional dos Médicos, Fórum Médico, Ordem dos Médicos, Comissão Nacional do Médico Interno e Associação Portuguesa dos Médicos de Medicina Geral e Familiar.
Estas organizações acusam o ministro da saúde de não ter retomado as conversações com os médicos desde a última greve realizada em novembro do ano passado, para se negociar e tentar resolver os problemas profissionais, entre os quais a abertura de concursos para especialistas, a diminuição do número de utentes em lista de espera de 1.900 para 550, a diminuição das horas extraordinárias para 200 por ano e a redução das horas extras nas urgências de 18 para 12 horas.
Para agravar a situação da saúde em Portugal, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses anunciou uma greve nacional, para o final deste mês de março, dos profissionais que trabalham no Serviço Nacional de Saúde. A Ordem dos Enfermeiros já anunciou que apoia sem reservas esta greve de dois dias, para os próximos dias 22 e 23.
Os enfermeiros portugueses que têm sido maltratados pelas diferentes governações sentem que estão a ser alvo de uma perseguição desencadeada por este executivo. Até agora, nenhum dos compromissos que o atual Ministro da Saúde assumiu no ano passado com os enfermeiros foi cumprido nem há perspetiva de que venha a ser.
Dos diversos problemas que estão na origem da greve anunciada pelo Sindicato dos Enfermeiros destaca-se a carência estrutural de enfermeiros nas instituições públicas. Esta estrutura sindical acusa o governo de não resolver os atuais problemas, de os agravar e de criar novos problemas.
A saúde está doente! Infelizmente as desigualdades existem no acesso à saúde, mas também a qualidade dos cuidados está a decair drasticamente com a necessidade de alguns milhares de médicos especialistas e a deterioração dos equipamentos nas unidades de saúde. É urgente travar a grave degradação a que se está a assistir, do Serviço Nacional de Saúde e dos cuidados primários hospitalares. Para o bem da saúde dos portugueses!
moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt
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