Edição 609
Um século de vida festejado com festa surpresa
São poucos os que conseguem atingir a meta dos três dígitos, ainda menos os que lá chegam com a força e jovialidade de Aurora Ferreira. Nascida a 6 de fevereiro de 1917, comemorou esta segunda-feira um século de vida.
De sorriso fácil, poucos lhe dariam a idade que tem. Aurora Ferreira vai diariamente, ainda pelo seu próprio pé, ao Café Campinho, no Muro, senta-se sempre no mesmo lugar e pede sempre o seu café longo com dois pacotes de açúcar. À semelhança dos outros dias, Aurora foi ao café no dia do seu aniversário, mas quando entrou foi surpreendida por cerca de 30 amigos que quiseram juntar-se à festa surpresa, preparada pelos proprietários do café. Apesar do sorriso, as lágrimas escaparam-lhe. Emocionada, disse ao jornal O Notícias da Trofa e à Trofa TV que “não contava com tanto”. “Eu achava que chegava aqui tomava o café e não tinha aqui esta gente toda. Estou muito contente por isso”, disse a centenária.
Rodeada de amigos, ouviu cantar em uníssono a música dos parabéns, soprou as velas e recebeu e distribuiu beijinhos.
Aberto há 22 anos, Aurora Ferreira é uma cliente “especial” do Café Campinho. “É uma senhora que já frequenta este estabelecimento desde o início da atividade e tivemos esta iniciativa de assinalar os cem anos”, afirmou Mário Gomes, proprietário do Café. “Talvez não haja mais cliente nenhum que a gente consiga fazer uma festa destas”, completou. Maria Olívia Oliveira, esposa de Mário Gomes, relembrou os tempos em que “já com 80 e tal anos” Aurora, sempre sentada na mesma mesa, lhe “limpava os talheres”. “Diz que enquanto for viva há-de sempre vir aqui”, confidenciou a proprietária, que considera a centenária “uma mulher honesta, boa senhora e amiga”.
Depois de soprar as velas, Aurora, ainda emocionada, dizia que “cem anos são muitos” e muitas são as histórias que um século de vida esconde. “Quando eu era nova é que eu passeava, cantava e dançava, agora estou em casa e venho ao café e converso muito”, sublinhou a aniversariante. Maria Aurora Ferreira já foi “quatro vezes ao Canadá” visitar os filhos e foi “lá fazer as bodas de ouro”, contou. E do Canadá para o Muro, para celebrar os cem anos da mãe, veio José Carvalho, o único filho vivo de Aurora. “Uma senhora bondosa, que nunca me batia e que me encobria sempre do meu pai, que tinha uma mão pesada”, recordou o filho. “Não há palavras para agradecer tanta bondade e alegria neste momento”, completou. “É uma mãe muito querida”, finalizou.
A ‘Ti Aurora’, como carinhosamente é chamada na terra, era o rosto de alguém feliz por chegar aos cem rodeada de família e amigos. E, depois da chegada inesperada do filho José e da festa surpresa no Café Campinho, a centenária contou ainda com uma missa em sua homenagem, ao final da tarde, na Igreja do Muro. Aurora Ferreira é a prova de que se pode chegar aos 100 com espírito de 50. E amanhã lá estará ela, pela mesma hora, no mesmo local, a beber o seu café longo e doce, como o seu sorriso.
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