Edição 607
Porto, Gaia e Gondomar “passam” a Trofa na expansão do Metro
O projeto da linha do metro da Maia até à Trofa parece ter sido mesmo esquecido por este Governo. A 7 de fevereiro devem ser anunciadas novas extensões no Porto, Vila Nova de Gaia e Gondomar.
O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, remeteu para o dia 7 de fevereiro o anúncio das linhas que vão avançar na rede de expansão do Metro do Porto. No entanto, é quase certo que a prioridade será dada às linhas do Porto, entre S. Bento e a Casa da Música, e de Gaia, entre Santo Ovídio e Vila d’Este. Segundo noticiam alguns jornais nacionais, Matos Fernandes terá ainda admitido à Câmara Municipal de Gondomar avançar com cem milhões de euros para executar uma linha naquele concelho, que deverá ligar o Largo do Souto e o Dragão.
Sobre a Trofa continua o silêncio, depois de o ministro ter garantido, em entrevista ao JN em julho de 2016, que a linha entre o ISMAI e o Muro dava “750 milhões de euros” de prejuízo. É nesse paradigma que, segundo Matos Fernandes, assentam os estudos que permitirão legitimar o avanço das obras no Porto e em Vila Nova de Gaia. Diz o governante que são os dados da procura que vão determinar a expansão da linha e que, apesar de se tratar de um assunto que deve ser “discutido com as autarquias”, as decisões “não partem de vontades”, mas de “um estudo que foi feito”.
Mais uma vez, a Trofa é passada para trás em detrimento de outros concelhos e nem a promessa política de mais de 15 anos nem o facto de a linha estar contemplada desde a primeira fase da rede devem pesar na decisão da tutela.
A Distrital do Partido Socialista do Porto até aplaudiu a nova linha que vai ligar o Souto, em Gondomar, ao Dragão. Manuel Pizarro, líder da distrital do PS, citado pelo JN, considera que o avanço desta obra “é uma boa notícia” se “servir mais pessoas passando pela zona oriental do Porto”. O NT tentou contactar o socialista para saber qual a posição da distrital do PS relativamente à iminência de a linha da Trofa ficar, de novo, na gaveta, mas sem sucesso.
Já Marco Ferreira, presidente do PS Trofa, afirmou que “não incluir a expansão da linha de Metro até ao centro da cidade da Trofa é uma profunda injustiça e um erro estratégico para a região”.
O socialista garantiu ainda que “nos órgãos autárquicos, nos órgãos do partido e, pessoalmente, junto do ministro, tem-se exigido a obra do metro até ao centro da cidade da Trofa”. No entanto, à semelhança dos autarcas da Trofa (Sérgio Humberto) e da Maia (Bragança Fernandes), a força política parece ser menor que a dos presidentes das autarquias do Porto, de Gaia e Gondomar.
Para Marco Ferreira, o argumento da tutela de se basear “num estudo técnico que calculava os níveis de procura e a sustentabilidade financeira” das linhas “não pode levar a conformismos, porque fica por avaliar o impacto desta linha enquanto interface com os concelhos de Santo Tirso e Famalicão até Guimarães (por via do interface com a estação da CP)”. Por isso, acrescenta, “foi um enorme erro estratégico a proposta da Câmara Municipal de levar o metro só até ao Muro”, porque “enfraqueceu a proposta global e os méritos globais da expansão da linha”.
Sobre este projeto low cost de 37 milhões de euros, apresentado a poucos dias das últimas eleições legislativas na sequência de um protocolo assinado pelas autarquias da Maia e Trofa, CCDR-N (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte) e empresa Metro do Porto, Marco Ferreira considera que “mostrou ser um embuste eleitoralista, tendo sido assinado por quem não tinha nem poder nem dinheiro para assumir a obra”.
Recorde-se que Sérgio Humberto afirmou, há poucos dias, que “não há qualquer justificação financeira” que demova a autarquia trofense “da luta”. “Não deitamos a toalha ao chão. Tem de ser reposta justiça o mais rápido possível”, sublinhou, sem deixar de frisar que “não se compreende” que a Assembleia da República tenha votado, por unanimidade, uma resolução para a construção da extensão entre o ISMAI e a Trofa e, dias depois, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, tenha garantido que o projeto não ia avançar por dar prejuízo.
O NT também tentou contactar Bragança Fernandes, autarca da Maia e presidente da distrital do PSD Porto, mas sem sucesso.
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