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Edição 607

O que fazemos quando não temos sonhos?

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Sou um apologista dos sonhos. Considero-os como um mapa – ou, na terminologia atual, um sistema de gps – que nos dá as coordenadas pelas quais devemos guiar as nossas vidas. São mesmo um sistema de orientação porque, e digo isto por experiência própria, viver sem sonhos é como viver perdido.
Acordamos sem um objetivo, deitamo-nos sem um objetivo. A vida que levamos durante o dia é apenas a ligação entre dois pontos mortos. E repete, repete indefinidamente. E pergunta o caro leitor: mas e o nosso emprego? As nossas atividades diárias? Todas essas de nada valem, se não servirem um propósito maior que nos faça feliz.
Esta semana, numa palestra numa escola do país, uma professora, confrontada com as minhas afirmações sobre os sonhos e a sua importância nas nossas vidas, perguntou-me: E o que fazemos quando não temos sonhos? A questão deixou-me sem palavras, por momentos.
Aquilo que percebi ao longo da minha curta vida é que, de uma maneira geral, quando alguém se sente infeliz a este ponto tende a fechar-se, dentro de si mesmo e dentro da sua zona de conforto. Evita sair, evita contactar, evita qualquer tipo de situação que possa colocar a sua autoestima, a sua confiança em si mesmo, o seu brio, em cheque. E nada é mais normal do que isto. Infelizmente, não é a solução.
Tendemos a terceirizar as culpas, a virarmo-nos, talvez, para o oculto, para a religião, na esperança de que alguém nos tire dessa situação, que alguém nos tire desse buraco para o qual, lentamente, fomos caminhando.
No entanto, há um padrão que passa despercebido à maioria das pessoas. Quando estamos sem sonhos, quando vivemos sem sonhos… Temos de ir à procura deles. Não há outra solução. Nem existe qualquer tipo de dica ou técnica para o fazer. É, simplesmente, procurar. Procurar conhecer coisas diferentes, enfrentar medos, fazer, finalmente, algo que poderemos estar a adiar há imenso tempo… enfim, tudo o que precisamos é de uma prova de que valemos alguma coisa. Porque todos valemos alguma coisa. E quando saímos daquela tão falada zona de conforto, arriscamo-nos a descobrir uma nova paixão. E as paixões… estão intimamente ligadas aos sonhos, porque os sonhos são as coisas, as pessoas e os objetivos pelos quais estamos apaixonados.
Por isso, caro leitor, não se engane. Quando se sentir sem qualquer tipo de objetivo prático na sua vida, vá à procura. Procuremos e tentemos o que nunca fizemos, deixemos cair as máscaras que colocamos todos os dias para agradar a uma multidão de pessoas. Procuremos aquilo que faz o nosso sangue fervilhar.
Livro da Quinzena
Brand Against the Machine, John Morgan. Uma das minhas atividades favoritas relativamente à literatura, é ler um livro que, supostamente, é sobre isto e conseguir perceber que também se aplica àquilo. Com uma ideia geral sobre o branding das empresas, este livro é excelente para desenvolvermos a nossa própria marca, ou seja, aquilo que somos lá fora. Sem nunca colocarmos em causa aquilo que nos é mais genuíno, a verdade é que representamos algo para as pessoas que nos rodeiam e isso é a nossa marca. Nestas páginas olhamos para isso… de forma não convencional.
Literariamente, estamos conversados.

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