Edição 583
Firmino Santos escreveu história à volta do Ave
Foi depois de ter redigido mais de “mil páginas” de diário enquanto colaborador da Continental Mabor que Firmino Santos pensou em reunir todas as informações que foi recolhendo da empresa e dos acontecimentos mais importantes do dia a dia de trabalho. Na altura, em 2000, estaria longe de imaginar que, 16 anos volvidos, estaria a lançar o quarto livro. Curioso por natureza e amante da História, Firmino Santos escreveu sobre a vila onde nasceu, Ribeirão, e publicou uma obra onde exalta “o tesouro” que são as crianças.
Já no dia 15 de julho deste ano, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Famalicão, deu a conhecer a nova obra, “Memórias que fazem História”, focada “em toda a área envolvente ao Rio Ave”, incluindo a freguesia onde reside há quatro décadas: Santiago de Bougado.
Neste livro, são vários os dados históricos que Firmino Santos faz ressuscitar dos arquivos para que não fiquem esquecidos debaixo da poeira do tempo. “Comecei a escrevê-lo há dois anos, mas não imaginava que me daria tanto trabalho. Tive de fazer muita pesquisa, andei por várias bibliotecas e até me desloquei à Torre do Tombo, em Lisboa. A par disso, relato histórias antigas contadas por pessoas idóneas e que guardei na memória ao longo do tempo”, contou em declarações ao NT.
Um dos temas mais difíceis de tratar foi sobre a ponte de betão sobre o Rio Ave, que liga a Trofa a Ribeirão e cuja construção ficou concluída “em 1936”. “Não existe informação acessível. Muito do que consegui foi por contactos que fiz a entidades como a Estradas de Portugal”, explicou. Desta obra, o escritor relata acontecimentos como “as receções feitas ao Presidente da República no início da ponte, do lado da Trofa”, a falsa ameaça de bomba que aconteceu em 2005 e a grande cheia em abril de 1962, que fez com que o leito do rio ficasse a apenas 1,10 metros de distância do piso da ponte.
A Ponte Pênsil, aberta à circulação em 1858, é uma “pérola” histórica que não passou despercebida nas recolhas de Firmino Santos. Sobre ela, o escritor documenta vários acontecimentos, como o “pagamento de portagem” para a atravessar, cujo valor variava “conforme a diversa circulação” e mediava “entre cinco e 330 reis”, e a última passagem de uma caravana da Volta a Portugal em bicicleta, “em 1933”.
Mas antes havia as barcas que faziam a travessia do rio entre Trofa e Ribeirão e que também mereceram grande destaque nesta obra. Firmino Santos recorda, por exemplo, “as passagens do rei D. Pedro V” para “visitar a cidade de Braga” ou “ir à caça no Gerês”. Por isso, o monarca tem o nome eternizado na rua que vai desde a ponte até ao Estádio do Clube Desportivo Trofense, em S. Martinho de Bougado.
Firmino Santos escreveu ainda sobre as invasões francesas, a 1.ª Guerra Mundial e de história ainda mais longínqua, como os primeiros tempos de Santiago de Bougado, que, segundo o autor, “deverá ser mais velho que S. Martinho cerca de 270 anos”.
Mas muito mais há para descobrir na obra que deverá figurar na estante de qualquer trofense interessado pela história da terra.
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