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Edição 571

Jubileu das Dores

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Contributos para a celebração dos 250 anos da fundação da Capela de Nossa Senhora das Dores

Em 1766, a paróquia de S. Martinho de Bougado estava sob a jurisdição da diocese do Porto e tinha como responsável pastoral o padre Alberto Inácio Pimentel.
Segundo as “Memórias Paroquiais do Arquivo Nacional da Torre do Tombo”, a freguesia (paróquia) está dividida em vários lugares. “Esta tem 112 vizinhos e pessoas entre maiores e menores são 398”. Tem o lugar de São Martinho (padroeiro) assim como outros situados em planície, “que vai da ponte da Lagoncinha para o Porto por quase meia légua”… “sendo-lhe de divisa o Rio Ave…”.
“Faz a festa do padroeiro São Martinho (10 e 11 de Novembro) e a Festa do Espírito Santo e suas oitavas…”
Até este ano de 1766, não há referência alguma à devoção (ou festa) de Nossa Senhora das Dores por parte do povo da freguesia (paróquia), o que só aconteceu (há o registo) a partir do dia 16 de agosto de 1766, data em que o abade de então, Inácio Pimentel, fervoroso devoto de Nossa Senhora das Dores, juntamente com alguns dos seus paroquianos, dirigiu um pedido ao bispo da diocese para ser erigida uma ermida em honra de Nossa Senhora das Dores.

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Curiosidade
Registos do ano de 1856 relativos à festa de Nossa Senhora das Dores (que por esta altura já era designada como Romaria de Nª Sª das Dores do Monte da Carriça ou da Maia)

S. Martinho de Bougado era uma freguesia de reduzida população, que tinha dificuldades em realizar uma festa com relativa grandeza. Mesmo assim, com sacrifício, no terceiro domingo do mês de agosto era realizada a festa no monte da Capela. A comissão era constituída por um juiz, um tesoureiro, dois procuradores e quarenta mordomos, os quais deitaram mãos à obra, ou então como se dizia, realizaram a “função de Nossa Senhora das Dores”. A comissão era constituída pelos chefes de família de toda a freguesia, porque cada aldeia não tinha, como agora, pessoas com número suficiente para a realização das festas.

REVISITANDO
A CAPELA
Capela-mor, a zona mais rica em cenas bíblicas. Local litúrgico por excelência, onde são celebrados todos os atos de culto, pode ver-se seis painéis de azulejos onde estão retratadas as SEIS PRIMEIRAS DORES DA VIRGEM MARIA: Profecia do velho Simeão; Fuga para o Egipto; Perda de Jesus no Templo; Encontro com Jesus a caminho do Calvário; Morte de Jesus; Jesus morto nos braços de Sua Mãe. A 7.ª Dor – a  SOLEDADE com que ficou a Senhora, sem o seu Filho, nem vivo nem morto – está no retábulo (altar-mor). É a imagem principal, a Virgem das Dores, a quem é dedicada a capela.

Atual imagem de Nossa Senhora das Dores

Representa a 7.ª DOR (a SOLEDADE com que ficou a Senhora, sem seu filho, nem vivo nem morto).
“Ninguém basta para imaginar os fogos do divino amor e saudades que a Virgem padecia  depois da Ascensão do Senhor; e porventura visitava muitas vezes o lugar da Paixão e sepultura de seu Filho. O amor de Cristo ardia no peito da Virgem. Com as saudades que tinha do Senhor juntava lágrimas amorosas sem conta e viver tanto tempo sem o seu amado, causava nela uma maneira de martírio. Clamava no mais vivo do coração e dizia: “Quando darão vau os rios caudalosos de minhas lágrimas? Quando virá este, quando?”
Viveu a Virgem no monte de Sião até à sua Assunção, ouvia missa cada dia e comungava da mão de São João. Consolava os peregrinos que a vinham visitar, com palavras suavíssimas.
Ficou a Mãe de Deus neste mundo para que a Igreja gozasse de consolação visível. Dizem que presidia nas conferências e disputas que se ofereciam nas coisas de fé, declarando as dúvidas que ocorriam e confortando mais aqueles entendimentos que pelo Espírito Santo já estavam alumiados.
Chegada pois a hora, em que esta Senhora havia de passar desta vida e vir alegrar com sua presença os moradores do Céu e triunfar da tirania da morte e corrupção da carne, foi suma a sua alegria, porque havia de ver o Cristo em sua glória e formosura. Esta hora lhe foi revelada pelo Anjo Gabriel”.
(D.Frei Amador Arrais, bispo Carmelita)

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