Edição 563
Daniela Esteves faz balanço da sua presidência na Delegação da Trofa da Cruz Vermelha Portuguesa
“Nunca aceitei fazer por menos quando sei que posso fazer mais”
Daniela Esteves lidera, há três anos, a Delegação da Trofa da Cruz Vermelha Portuguesa e garante que uma das dificuldades do dia a dia passa pela “desarticulação com os poderes instituídos”, que “não percebem a relevância” do seu trabalho.
O Notícias da Trofa (NT): A 9 de março fez três anos que Daniela Esteves tomou posse como presidente da direção da Delegação da Trofa da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). Qual é o balanço que faz do seu mandato?
Daniela Esteves (DE): Esta direção, desde o 1.º dia, que constrói permanentemente um percurso assertivo, linear e objetivo, sempre fiéis aos nossos valores e aos da Instituição que dirigimos, o que significa uma escolha claramente mais difícil, mas sem dúvida mais empreendedora e profícua. Desde que assumi este compromisso nunca aceitei fazer por menos quando sei que posso fazer mais!
Todas as decisões que tomo no exercício deste cargo são devidamente ponderadas e discutidas em sede de direção sempre com a consciência de que estamos a defender o melhor interesse da Delegação da Trofa da CVP.
À natural dificuldade da intervenção social a que nos propomos, acrescentamos sempre rigor e dignidade na nossa ação diária, sendo esta direção a primeira a nivelar por padrões de elevada exigência. Enquanto assim for, só posso fazer um balanço muito positivo e compensador.
NT: Quais são as principais dificuldades do dia a dia da Delegação da Trofa da CVP?
DE: A desarticulação com os poderes instituídos que por vezes não percebem a relevância do nosso trabalho. A ação social tem de estar na ordem do dia. Somos uma equipa que se caracteriza por um dinamismo constante e propomo-nos sempre de forma autónoma a cumprir com o nosso papel social, mas seria mais fácil com o apoio dos poderes públicos. Assim, vemo-nos constantemente forçados a recorrer ao poder privado e a reinventarmo-nos diariamente.
NT: Este sábado, a Delegação organiza um mega feirão. O que é que as pessoas podem encontrar?
DE: Poderão encontrar por apenas 2 euros vestuário feminino e masculino, calçado, material de desporto, artigos para o lar, entre outros. Pretendemos que este feirão seja um apoio substancial para as nossas atividades.
NT: Qual é o número de agregados familiares apoiados pela instituição? Que tipo de apoios a delegação disponibiliza?
DE: A Delegação apoia cerca de 450 agregados, no âmbito da Cantina Social, apoio de vestuário e calçado, apoio de emergência alimentar, Fundo de Emergência Alimentar Carenciados, integração pelo desporto com o projeto Cross Stars, acompanhamento de processos de RSI e Ação Social, apoio do Portugal+Feliz e ajudas técnicas.
NT: O projeto Cross Stars, em parceria com a Escola Life Combat, continua a formar campeões. Qual é o balanço que faz do projeto?
DE: É um projeto de sucesso. A parceria é muito efetiva e promissora, os professores são de elevada competência e exigência e é por isso que formam campeões.
O projeto conta com muito poucos apoios, necessitamos de mais material de treino e competição e seria fundamental um patrocínio para o projeto, pois são cerca de 25 jovens a competir que têm de estar inscritos na Federação, fazem exames médicos, com constantes deslocações por todo o país, alojamento e alimentação para participarem nas provas. O orçamento do projeto é integralmente suportado pela Delegação da CVP Trofa. Os resultados evidenciam o propósito do projeto – Inclusão pelo desporto e esse objetivo está alcançado.
NT: Como tem sido a evolução do refeitório Social Porta de Sabores? A instituição tem sentido necessidades em suportar o aumento do número de pessoas apoiadas?
DE: Atualmente a Porta de Sabores alimenta 50 utentes diários num total de 11.717 refeições servidas em 2015. Comparando com 2013, observa-se um acréscimo de cerca de 3.500 refeições nestes dois anos. Este é o reflexo do progressivo aumento das famílias socialmente desprotegidas do nosso concelho. Assistimos a agregados que no passado recente gozavam de um nível de sustentabilidade médio e que agora sentem a necessidade de recorrer aos nossos apoios. É para isso mesmo que estamos à disposição da comunidade trofense, para ajudarmos todos os que necessitam sem exceção.
A Delegação tem reunido elevados esforços no sentido da manutenção deste projeto de extrema relevância para suprir carências reais e básicas da população, sem qualquer apoio estatal nacional e local.
No entanto, a nossa Autonomia e Independência levam-nos a prosseguir com determinação e estas questões só nos atrasam… Por isso, esta situação não impede a nossa atuação, apenas nos obriga a redobrar esforços para algo que deveria ser facilitado à partida.
NT: O corte no abastecimento de energia do refeitório social originou um desentendimento com a Junta de Freguesia de Bougado (JFB) e a Câmara Municipal da Trofa (CMT). Qual o ponto de situação deste desentendimento?
DE: O que sucedeu na Feira Anual de 2015 é lamentável e indesculpável. A falta de luz durou exatamente um ano, tendo somente sido ligada no início de março e a propósito desta Feira Anual de 2016. Claramente pretendem evitar polémicas novamente. Foi-nos garantido que este ano teríamos reunidas condições para a habitual angariação de fundos durante o certame.
O diferendo com a CMT e JFB existe, é uma realidade que já dura há mais de um ano. No passado mês de fevereiro, aconteceu um contacto das referidas entidades, com a Instituição a que presido, no sentido de se encontrarem soluções para este problema por eles criado. No fundo estamos exatamente no mesmo ponto de situação. Por agora, isto não acrescenta nada. Mas sem dúvida que seria bom, para todas as partes, que este entendimento se efetivasse.
A Delegação aceita que se dialogue sobre o assunto, estamos sempre no caminho da solução, mas só acreditamos efetivamente nas vontades quando elas se concretizarem. Defendemos a dignidade desta Instituição e dos que dela dependem e disso não vamos abdicar nunca. Seguramente algo melhor se terá de impor.
NT: Como correu a participação da instituição na Feira Anual da Trofa?
DE: A participação no certame foi muito positiva dado que permitiu a angariação de fundos para a instituição, bem como um contacto próximo com a população, que de forma indireta fica a conhecer o nosso trabalho diário para com a comunidade. Muitas das pessoas que nos visitaram duranta a Feira Anual fizeram-no para ajudar e para provar os nossos petiscos já com alguma “fama”, demonstrando que a qualidade das refeições diariamente servidas na nossa cantina é a mesma que apresentamos para o público em geral.
NT: O livro “A Inocência das Facas” foi premiado pelo Governo e tem recebido o reconhecimento de várias entidades, menos a da Câmara Municipal da Trofa. Denota falta de reconhecimento por parte da autarquia?
DE: Felizmente pautamo-nos por projetos de sucesso e “A Inocência das Facas” é a prova disso. Sermos distinguidos pelo Governo de Portugal é algo que nos enobrece e seguramente enobrece a Trofa. Uma vez mais, os poderes locais não estão habituados a esta dimensão ou têm uma visão redutora do projeto, mas claramente estamos confortáveis com o alcance notável desta obra além-fronteiras concelhias.
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