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Edição 552

Crónica: Carta ao pai natal

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Joao mendes

Querido Pai Natal,

Este ano portei-me mais ou menos bem. Mais para mais penso eu. Trabalhei muito e gerei divisas e crescimento para o meu país, paguei sempre os meus impostos, pedi facturas de tudo e mais alguma coisa para evitar fugas dos potenciais caloteiros, tentei ser o mais justo e humilde que as minhas lacunas enquanto ser humano me permitiram, ajudei quem de mim precisou sempre que pude e, mais importante, estive lá para a minha família e amigos sempre que precisaram de mim. E mesmo quando não precisaram.

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Muito melhor do que eu portou-se o Clube Slotcar da Trofa (CST). Entre tantas outras coisas que poderia referir e que tu, omnipresente e poderoso, foste com certeza acompanhando ao longo do ano, o CST trouxe alegria, lazer, desporto, cultura e muito amor à comunidade que serve, a Trofa. Levou as cores da nossa terra aos quatro cantos do país com os seus craques de Slotcar e do bilhar, deu futebol a miúdos, graúdos e veteranos, encheu o Verão de música com o que de melhor se faz por cá, sempre de portas abertas a todos os que por lá quiseram passar, organizou actividades solidárias, de mãos dadas com instituições que dispensam apresentações como a APPACDM, a Cruz Vermelha ou a Liga Portuguesa contra o Cancro, encheu lans de aficionados dos videojogos, promoveu bons hábitos como a leitura e o desporto e tudo isto sem pedir nada em troca à comunidade. Foi um bom trabalho, não achas Pai Natal?

Por isso, e porque já não estou em idade de te pedir prendas, escrevo-te este ano para te pedir uma prenda para o CST, que apesar de muito maduro é ainda uma criança de 11 anos. E não penses que te vou pedir uma prenda cara, como um apoio camarário superior a 130 mil euros. Aquilo que te peço é uma prenda quase simbólica, como simbólico foi aparentemente o motivo que levou esta colectividade a ser privada dessa mesma prenda. Se vires bem, nem é uma prenda que te peço, apenas a devolução, ainda que a título de empréstimo de algo que nunca lhe deveria ter sido subtraído. Aqui vai: por favor mexe os teus cordelinhos, sem tráfico de influências claro está, e intercede pelo CST junto dos deuses que reinam sobre esta terra do alto do seu Olimpo de altivez e presunção, de maneira a que eles devolvam os espaços que lhe foram retirados, e dos quais não fazem outro uso. Espaços que os próprios inclusive remodelaram para que o Clube melhor pudesse servir os trofenses e que agora, de forma bizarra, lhes são interditados.

Sabes Pai Natal, em tempos esta associação foi uma bandeira dos tais deuses que reinam sobre esta terra, no tempo em que o associativismo era uma causa ao abandono pela qual queriam lutar, eram eles ainda comuns mortais. Por lá passavam para tecer os mais rasgados elogios, na sua carrinha se deslocavam, triunfantes, para abrir distintos certames. Eles dizem que não é nada com eles, que são outros sobre os quais não tem qualquer tipo de poder ainda que, todos esses, trabalhem no seu castelo e sob a sua batuta. Mas, enquanto esses deuses brincam aos ajustes directos e degustam croquetes aqui e ali, a vida dos comuns mortais continua e o CST, apesar da força dos seus bravos guerreiros, vê a sua actividade condicionada e em risco, para prejuízo de todos aqueles que serve. Neste Natal, lembra-te do CST. Se pensares bem, até tens muito em comum com ele: tu distribuis prendas uma vez por ano, o CST distribui o ano inteiro.
Feliz Natal, a ti e a todos os leitores do NT, especialmente aqueles que têm a paciência de me aturar a cada 15 dias. Obrigado!

João Mendes

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