Edição 549
Que o novo governo de esquerda não seja moldado pela asneira
É pela sétima vez, desde abril de 1974, que Portugal tem um Primeiro-ministro de esquerda, sem contar com os governos de iniciativa presidencial, nem com os governos provisórios, que tiveram todos uma matriz esquerdizante, como foi o famoso «gonçalvismo». Já é muito tempo de esquerda no poder e muita governação com imensas asneiras que deixaram marcas muito negativas, que mais tarde todos nós tivemos de as pagar, bem pagas.
Não me apetece falar deste governo, do derrotado António Costa e da insalubre manobra que fez para ser Primeiro-ministro, embora pudesse falar da quantidade de «socratistas» no seu governo, que levaram à falência o nosso país, assim como poderia lembrar que João Soares, num ato cultural «muito elevado» acusou Costa, ainda há bem pouco tempo, de estar a sofrer uma “crise de egocentrismo, narcisista e sebastianista”, recordando que “não há homens indispensáveis na terra” e considerou o ataque de Costa a Seguro como sendo “o maior assassinato político cometido em Portugal, desde que foi implantada a democracia”. Talvez por isso tenha sido escolhido para Ministro da Cultura!?!
Também não quero falar que este novo Governo tem 50 governantes, um dos maiores de sempre, com o seu séquito de Chefes de Gabinete, Assessores, Adjuntos e Secretárias, que muito oneram os cofres do Estado, nem tenho nenhum apetite em falar de Ana Paula Vitorino, que foi Secretária de Estado dos Transportes e os socialistas, em vésperas de eleições, em 2009, trouxeram-na à Trofa para anunciar, “a vinda do Metro à Trofa”, que nunca veio a acontecer, enganando assim a população, para além de ter estado envolvida, como vitima, no processo “Face oculta” e ter tido um corte de relações com António Costa. Talvez pela grande quantidade de água que meteu foi agora nomeada Ministra do Mar.
Também não pretendo falar no novo Ministro da Economia, Caldeira Cabral, que afirmou recentemente que o «Euro» “é um fardo”, assim como não quero falar do novo Ministro da Defesa, Azeredo Lopes, que disse que “a união da esquerda não era mais do que um notável, fascinante, incongruente saco de gatos”, mas também não tenho intenção de falar de Santos Silva, agora nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros, que afirmou que “bloquistas e comunistas deveriam formalizar um acordo por escrito, para toda a legislatura” e não apenas para o orçamento de 2016, nem quero falar do Secretário de Estado, Miguel Prata Roque, que é advogado de José Sócrates. Vejam só!?!
Assim como não me apetece falar que este governo é constitucionalmente sustentável, mas politicamente ilegítimo; é um governo minoritário e altamente frágil, pois depende de bloquistas e comunistas, que não estão representados no governo. Também poderia dizer que a estratégia da esquerda mais à esquerda foi inteligente, pois pensam que as asneiras vão ser tantas e estando com um pé fora do governo não se «queimam». Provavelmente, quem se vai «queimar» somos todos nós, os portugueses. Depois, lá tem de vir de novo a direita «apagar os fogos», como noutras vezes assim aconteceu. Parece ser este o destino de Portugal
Aquilo que se espera é que nada disto aconteça e que o novo governo de esquerda não seja moldado pela asneira, que cumpra aquilo que os partidos políticos que o suportam prometeram em campanha eleitoral. Nem é preciso cumprirem tudo que prometeram, pois basta aquilo que é mais essencial para os portugueses. Logo à cabeça, não colocarem o país de novo na «bancarrota», como deixaram o país há apenas quatro anos atrás.
Este governo, tudo deve fazer para que o ciclo económico, que está numa curva ascendente, continue a crescer, para não se ter de pedir um novo resgate à «troika»; eliminar os elevados índices de pobreza; aumentar significativamente os salários, as pensões e as reformas; apoiar as empresas; criar novos postos de trabalho; eliminar o trabalho precário e a «praga» dos falsos recibos verdes; fazer descer significativamente a taxa de desemprego e criar condições para que os jovens que tiveram de sair do país possam regressar.
Também deve resolver o problema da sustentabilidade da segurança social; apoiar as Instituições de Solidariedade Social; reduzir bastante a nossa dívida e fazer uma verdadeira reforma administrativa, pondo fim à agregação das freguesias, com a atribuição de mais poder e mais dinheiro para as Juntas de Freguesia; fazer um forte investimento na cultura, na saúde, na educação, na investigação, nas variantes e no metro de superfície. Não é pedir muito!
moreira.da.silva@sapo.pt
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