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Edição 548

Clube Slotcar impedido de utilizar espaço exterior do Aquaplace

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O Clube Slotcar da Trofa, que explora o bar do Aquaplace, foi impedido de utilizar o espaço exterior para realizar atividades culturais, desportivas e recreativas. Direção considera “humilhante” decisão tomada pela Comissão Liquidatária da Trofa-Park, empresa municipal que gere a Academia.

As atividades de cariz associativo do Clube Slotcar da Trofa estão “suspensas” desde que a Comissão Liquidatária da Trofa-Park, composta por três funcionários do Município da Trofa, advertiu a direção da coletividade para que não voltasse a utilizar o espaço exterior nem um espaço de arrumos da Academia Municipal Aquaplace.
O anúncio foi feito pelo presidente do Clube, João Pedro Costa, que, juntamente com grande parte dos elementos da direção, realizou uma conferência de imprensa, na manhã de domingo, 22 de novembro. A explorar o bar do Aquaplace desde 1 de agosto de 2014, a associação deslocalizou a sede para aquele local, que passou a ser palco de atividades recreativas, culturais e desportivas.
“Há cerca de meio ano”, foi colocada na zona exterior da Academia, entre o bar e a zona das piscinas, uma cobertura, onde o Clube montou um espaço de lazer. No dia 30 de outubro, e “sem explicação” segundo João Pedro Costa, a Comissão Liquidatária da Trofa-Park, numa carta registada enviada de um gabinete de advogados, advertiu a direção do Clube, para que não voltasse a utilizar aquela zona para atividades nem para colocar sofás, cadeiras, mesas e uma televisão, uma vez que não fazia parte do espaço concedido através do contrato concessão para a gestão do bar.
A missiva foi recebida com “estranheza” pela direção do clube, porque, diz João Pedro Costa, o “tapamento foi colocado pela própria Trofa-Park também para que o Clube Slotcar pudesse desenvolver as suas atividades”. O dirigente associativo acrescentou que a colocação da cobertura foi, inclusive, motivo de diálogo entre a coletividade e a administração da Trofa-Park.
Apesar de perceber que “contratualmente, o objetivo passe pela exploração do bar”, João Pedro Costa não deixa de considerar “humilhante” que o clube “esteja a ser tratado como se só da mera exploração estivesse responsável”. “Todas as valências que tínhamos foram deslocalizadas para este local, porque vemos nele uma boa solução para expandirmos a nossa atividade em prol da comunidade”, sublinhou. Esta ideia foi sublinhada pelo clube na resposta à interpelação, também através de uma missiva, em que se pode ler: “Inteirado de todo este processo, entendeu o presidente da Câmara Municipal da Trofa, Sr. Sérgio Humberto, conjuntamente com o administrador executivo da Trofa-Park, dar seguimento à ideia transmitida em proposta de candidatura pelo Clube de prestação de mais serviços à comunidade, possibilitando, em paralelo, o desenvolvimento de atividades associativas”.

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Mais advertências

Mas as advertências não ficaram por aqui. Na missiva, a Comissão Liquidatária da Trofa-Park considera uma “violação contratual” a utilização da “zona de entrada” do Aquaplace para, à noite, quando o edifício está encerrado, recolher o material exterior do bar, assim como a utilização de “parte da Casa das máquinas”, no piso inferior, para guardar “sofás, mesas, cadeiras, arca frigorífica” e outros objetos.
João Pedro Costa justificou que essa utilização, apesar de não contemplada no contrato de concessão, “foi acordada entre o administrador executivo da Trofa-Park, Paulo Ferreira do Amaral, chefe de Divisão Desporto, Juventude e Cultura, Artur Costa, e o presidente do Clube” e por “reconhecida falta de espaço de arrumos”, num local contíguo à “casa das máquinas”, situado no piso inferior do edifício, e cuja utilização também mereceu reparo da Comissão Liquidatária da Trofa-Park. O Clube alega que a utilização desse espaço aconteceu “com a naturalidade e relacionamento de boa ‘vizinhança’”, tendo ficado “acordado” entre os mesmos intervenientes que “só se deslocariam ao local pessoas devidamente credenciadas pelo Clube Slotcar da Trofa” e “desde que acompanhados por um dos técnicos da Trofa-Park em serviço”.
“Era um procedimento tão normal, tão normal que, quando vimos a carta pensamos que se se tratava de uma brincadeira. Mais parece que disseram para colocar lá as nossas coisas para depois sermos penalizados por isso”, atirou João Pedro Costa.
A Comissão Liquidatária da Trofa-Park advertiu ainda o Clube pela utilização da esplanada do bar para “fins diversos do acordado, nomeadamente para aulas de zumba, que aliás são concorrenciais com o Aquaplace”. O presidente da associação contesta a repreensão, justificando que as aulas “aconteceram aos domingos de manhã, quando não houve aulas no Aquaplace, apenas no período de verão, e que visaram a sensibilização para a prática desportiva e a angariação de géneros alimentares para a Cruz Vermelha”. Com esta atividade, diz João Pedro Costa, foi possível recolher “323 quilos de alimentos”.
Uma vez que é ponto assente que o clube “precisa do espaço exterior” para cumprir as atividades a que se propôs realizar, João Pedro Costa mostrou “total disponibilidade” para dialogar, tendo inclusive “enviado uma carta ao senhor presidente da Câmara a dar conhecimento dos constrangimentos que vêm sendo colocados ao Clube Slotcar, por esta Comissão, de forma incompreensível e que em nada beneficiam o interesse público e a satisfação dos trofenses”. A missiva, datada de 6 de novembro, “ainda não teve resposta” por parte do autarca.

Retaliação?

João Pedro Costa não põe de parte que esta retaliação possa estar relacionada com “a intervenção pública” que alguns dos elementos da direção do clube, incluindo ele próprio, têm sobre a gestão do concelho. “Eu queria muito limpar esta ideia da minha cabeça, porque estaríamos a falar de perseguição, mas também preciso que me expliquem o porquê desta atuação. De há quatro meses para cá que o diálogo deixou de existir”, asseverou.
Depois de vencer o concurso para a concessão da exploração do bar do Aquaplace, o Clube Slotcar da Trofa investiu, segundo o dirigente associativo, “mais de 50 mil euros” para que o espaço fosse capaz de receber as atividades plasmadas no plano anual da associação.
A Trofa-Park, cujo conselho de administração era presidido, por inerência, pelo presidente da Câmara Sérgio Humberto, iniciou um processo de extinção, tendo para isso sido nomeada uma Comissão Liquidatária, composta por chefes de divisão da autarquia. “Os trofenses devem perceber que é no polo 1 da Câmara que tudo se passa. É lá que a Comissão Liquidatária trabalha e é lá que está o executivo municipal”, frisou João Pedro Costa.
O presidente da associação assegurou que vai acatar as advertências, no entanto, ressalva que ao não ser possível a utilização do espaço exterior do Aquaplace, “já começam a decorrer prejuízos claros” para o Clube.
Além da coletividade, também o NT continua sem receber as respostas às questões que foram enviadas ao presidente da autarquia, sobre este assunto.

Ex-administrador da Trofa-Park confirma alegações do clube

Contactado pelo NT, Paulo Ferreira do Amaral, ex-administrador executivo da Trofa-Park, afirmou que, relativamente à colocação do tapamento, a decisão foi tomada “em reunião de conselho de administração, com a participação do senhor presidente da Câmara e o administrador não executivo, Dr. Branco da Costa”. A cobertura, acrescentou, tinha como fins “proteger da chuva”, permitir “a realização de atividades com os seniores” e “responder ao pedido do Clube Slotcar “para estender a zona do bar”.
Em relação à zona dos arrumos, Paulo Ferreira do Amaral afirmou que “o combinado foi que, provisoriamente, o Clube tinha acesso a um espaço bem específico e para aceder a ele tinham que solicitar a presença do técnico de serviço do Aquaplace que, tendo a chave, facultaria o acesso e acompanharia o transporte dos materiais”.

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