Edição 546
Opinião: Trofa anfitriã de Linhas de Muito Alta Tensão de “potência inaudita”
Após um período de interregno na minha participação neste jornal com os meus modestos artigos de opinião, questionava-me sobre o que escrever neste número que pudesse ser verdadeiramente interessante para o futuro da Trofa e dos Trofenses.
Enquanto ponderava, os meus olhos cruzaram no horizonte a imponência de uma das “torres” que suportam a nova linha de muito alta tensão que recentemente polvilha o nosso horizonte em diversos pontos deste município. Como havia lido, algumas opiniões e preocupações, e sabendo que a comunidade cientifica ainda não conseguiu consensualizar relações diretas sobre os perigos destas linhas, procurei informação sobre as mesmas, com vista a uma opinião mais informada e que refletisse a responsabilidade de partilhar da evolução das sociedades e suas necessidades (leia-se energia) vs perigos para a saúde pública e atentados ambientais que daí advém.
Importa desde logo perceber se há ou não risco de se viver, ou estar muito tempo, perto dos circuitos de linhas de muito alta tensão, como será o caso desta a 400KV (linha de muito alta tensão de “potência inaudita” lê-se em diversos documentos).
Talvez por sermos ávidos consumidores de eletricidade, no nosso trabalho, conforto e lazer, não possamos simplificar o assunto e dizer que «temos de acabar com as linhas de muito alta tensão».
Comecei por procurar pareceres técnicos sobre este tema. Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS), recomendam que nesta matéria se estabeleça o princípio da precaução. Investigações técnicas, tanto da OMS como do corpo científico em Portugal, Espanha e outros países apontam para uma possível relação direta entre a instalação destas mega estruturas e o aumento de casos do foro oncológico, nomeadamente uma maior ocorrência de leucemia, Alzheimer ou ELA (esclerose lateral amiotrófica), nas populações expostas às ondas eletromagnéticas emitidas por estas estruturas.
Perante isto, e não sendo meu desejo desencadear uma onda de pânico, parece-me importante perceber como se permitiu que esta linha tivesse alguns pontos tão próximos de zonas populacionais como acontece no nosso município, e fui investigar a posição do executivo da autarquia sobre este tema, dado que, desde que iniciou a obra de instalação desta linha nunca ouvi assumirem uma discussão/esclarecimento público sobre as medidas tomadas para acautelar estes impactos negativos.
Segundo apurei o processo começou há mais de dois anos, altura ainda do executivo de Joana Lima, em que foi realizada uma consulta pública de janeiro a março de 2013, onde se documentaram alguns pareceres negativos, dos quais destacaria o da Câmara Municipal da Trofa assinado pela vereadora socialista Teresa Fernandes em que elencava inúmeros argumentos sobre os “impactos negativos” afirmando que os “prejuízos causados” seriam “irreversíveis”, não se encontrando justificada a efetiva necessidade de atravessamento do concelho.
Já em comunicado da Câmara Municipal da Trofa, com o executivo de Sérgio Humberto, divulgado no jornal Correio da Trofa de 31 de Outubro de 2014, lia-se “Trofa diz “NÃO” às linhas de muita alta tensão no Concelho da Trofa”, demonstrando a sua oposição fundamentada entre outros fatores no condicionamento “do uso de aproximadamente 44 hectares de área florestal”, afirmando-se mesmo pela voz da Câmara “A nossa população TROFENSE tem direito à sua qualidade de vida e qualidade visual e com esta infraestrutura isso está posto em causa e é agravado porque não se verifica que para o nosso concelho haja uma mais-valia”, “desconhecendo a existência de estudos de outros traçados alternativos”.
Pois bem, se perante todas estas posições assumidas, a obra hoje é uma realidade, que mais se fez para o evitar? Será que a população da Trofa foi desvalorizada mais uma vez perante fatores externos? Será que não poderíamos ter ido mais longe, tomando medidas judiciais que acautelassem e exigissem os estudos de alternativas? Será que mais uma vez o futuro passa na Trofa?
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