Edição 538
Opinião: Apenas um simples debate
Estes últimos dias têm sido agitados. Para aqueles que pensavam que o debate político na sua forma mais tradicional estava acabado tiveram uma surpresa com as audiências dos últimos a que temos assistido, tendo o frente-a-frente Passos/Costa atingindo a fasquia dos 3,4 milhões de telespectadores. A sua promoção foi muito bem feita pelos três canais generalistas e por vezes a mensagem que nos chegava era a de uma espécie de combate de boxe, ao estilo combate do século. Para tal expectativa, igual desilusão.
Em Passos Coelho ficamos a saber o porquê de não querer ir a mais debates. No mundo das sondagens, dos assessores e das jogadas nas redes sociais, estava tudo a ir bem até que apareceu Passos Coelho e tão escondido que ele andava. O jogo dos estrategas do PSD passa por recuperar a velha forma cavaquista: passar a imagem de Passos como primeiro-ministro, acima da quezília política, deixando o jogo sujo para a segunda linha (alô Paulo Rangel). Passos entrou com pose de estadista e saiu com ar de “eu queria era entregar uma piza ao Sócrates”. Do outro lado do ringue apareceu António Costa a jogar todos os trunfos. Entre a ligeira amnésia e o uso de gráficos (deve ter aprendido nos debates com António José Seguro), Costa começou o jogo “afinal quem chamou a troika?”. Neste ponto, parece que os dois parecem apostar em transmitir que afinal ninguém sabe muito bem quem chamou a troika e que esta foi uma espécie de aparição. Mas os portugueses não se esquecem da assinatura do PS/PSD/CDS no pacto de agressão.
Numa troca de palavras centrada mais no passado, não chegamos sequer a saber que pensamentos ou propostas têm estes dois políticos para Portugal. Aliás, de todos os debates a que assistimos, este foi sem dúvida o mais fraco na discussão de ideias ou políticas. Mas aqui a resposta é fácil: com Costa ou Passos, o guião já está escrito. O primeiro vai logo a correr a Paris e Roma para ficar desiludido. O segundo continuará a viajar para Berlim para beijar a mão da Sra. Merkel.
Por fim, devemos acompanhar com interesse o comportamento do Presidente da República. Cavaco Silva parece que anda muito empenhado nos seus consensos partidários, que mais não são que um apelo implícito ao chamado “voto útil”.
(Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)
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