Edição 495
“Porta de Sabores” muda-se para sede dos Bombeiros
Desde segunda-feira, as refeições oferecidas pela Cruz Vermelha às pessoas com dificuldades socioeconómicas passam a ser confecionadas na cozinha da sede da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários.
O fogão, as panelas e o espaço, minuciosamente, limpo estão a postos para serem utilizados diariamente. Desde segunda-feira, a cozinha montada na sede da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa (AHBVT) vai deixar de ter utilização sazonal, para passar a ser usada de segunda a sexta-feira. A causa é solidária: ajudar os trofenses desfavorecidos a ter uma refeição adequada.
A Porta de Sabores, cantina social da delegação da Trofa da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), mudou-se para aquele espaço, uma vez que o local onde estava instalada já há muito que não tinha as condições para a resposta social que era exigida. Segundo a presidente da delegação, Daniela Esteves, em nove meses deste ano tinham sido confecionadas “8540 refeições”, com o pico de serviços a ser atingido no mês de maio. Atualmente, são “50” as pessoas abrangidas por este projeto da Cruz Vermelha que, ao mudar a cantina para a sede da AHBVT traça uma nova fase do projeto. “Conseguimos imprimir um registo mais digno e com melhores condições. Sem dúvida, é um passo em frente rumo a uma resposta, efetivamente, à medida das necessidades”, afirmou, já depois da assinatura do protocolo de parceria, assinado em conjunto com o presidente da Associação Humanitária, na cozinha, e sob o olhar dos elementos das duas dire-ções e colaboradores.
Segundo Daniela Esteves, a cozinha onde agora serão servidas as refeições “foi a primeira”, entre “várias alternativas”, que a direção da CVP considerou corresponder melhor às necessidades do projeto. “Estávamos à espera de um espaço ajustado, algo que fosse ao encontro das nossas expectativas, que possibilitasse a confeção num espaço ajustado, com equipamentos ajustados. São poucos os espaços equipados como este, pelo que surgiu a ideia de desafiarmos a direção da Associação Humanitária a juntar-se a nós e a demonstrar ser sensível neste aspeto. Não podíamos ter sido mais bem recebidos, por isso quero agradecer o gesto de generosidade”, frisou.
Até agora, a Porta de Sabores existia num espaço recatado junto à Feira e Mercado da Trofa que desde dezembro de 2011 recebia os utentes, alguns iam buscar as refeições, outros alimentavam-se mesmo ali. Com a mudança de instalações, o projeto sofreu algumas alterações e funcionará, exclusivamente, como uma espécie de take away. Ou seja, a confeção dos alimentos será feita na sede da AHBVT e as refeições serão distribuídas já na sede da delegação – a cerca de 200 metros de distância -, em marmitas individuais, devidamente acondicionadas. “Queremos promover a refeição no seio da família, pelo que as pessoas vão buscar a refeição e levam-na para casa”, explicou Daniela Esteves.
Segundo Manuel Dias, presidente da direção da AHBVT, desta forma, o equipamento da cozinha “não se desgastará por inatividade”, uma vez que até agora tinha um uso pontual e estava longos períodos sem ser utilizado.
“Puseram-nos o problema das condições que tinham para confecionar as refeições para os mais necessitados e ficamos sensibilizados. Toda a direção foi unânime em ceder as instalações, porque são necessárias. Consideramos que as instituições têm de estar unidas”, explicou.
Com a cedência do espaço, a AHBVT receberá “uma importância simbólica” da parte da Cruz Vermelha, para suportar as despesas correntes originadas pelos custos da confeção dos alimentos.
Protocolo marca parceria inédita
O protocolo marca também o início de uma relação institucio-nal inédita a nível local e pouco vista no país. A parceria entre a Cruz Vermelha e a Associação Humanitária é vista como “muito vantajosa” para as partes e permitirá “quebrar a barreira que existe em muitos outros concelhos” entre as instituições. “A par-tir de segunda-feira estaremos a trabalhar juntos por uma causa comum, que é o benefício das pessoas que precisam da nossa ajuda”, salientou Daniela Es-teves.
Manuel Dias acredita que este “é o primeiro passo de muitos” na relação com a Cruz Vermelha. O presidente da Associação Humanitária sabe bem da importância de uma parceria e até exemplifica com a que existe com o Rotary Clube da Trofa, que permitiu a criação da Universidade Sénior e dinamização da biblioteca. “Com estes protocolos, temos uma instituição viva, com movimento de pessoas, o que só a dignifica”, sustentou.
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