Ano 2007
Equilíbrio precário
É uma triste realidade. O mundo está a sucumbir à acção destruidora do Homem. As notícias são cada vez mais desoladoras. Desde o derretimento do gelo no Ártico e consequente subida do nível dos Oceanos, às mais variadas intempéries (furacões, tufões, tornados), passando pelo avanço dos desertos e perda de capacidade de cultura dos solos, em geral, o cenário não poderia ser mais dantesco. As catástrofes naturais, sucedem-se e tornaram-se notícias frequentes.
Os cientistas afirmam que o nosso planeta assenta num equilíbrio ambiental precário. Porém, o desenvolvimento que a Humanidade busca e alcança, tem efeitos perniciosos nesse equilíbrio ambiental, tendo levado já à extinção de inúmeras espécies animais e vegetais. Pelos mais variados motivos. Mas será talvez a emissão de gases de efeito estufa a produzir os danos mais relevantes, com impacto inclusive global.
Assim, ainda esta semana ficamos a saber que uma nova rota marítima (que permite a ligação entre os Oceanos Atlântico e Pacífico) surgiu no norte do Canadá, mercê de o gelo do Ártico ter vindo a derreter a uma velocidade muito superior à expectável. Ora este fenómeno, fruto do aquecimento global, tem levado à subida dos níveis médios do mar por todo o mundo. Portugal tem sentido já os seus efeitos na sua costa.
Todavia, países existem que se encontram já em risco de desaparecerem do mapa da Terra. Tuvalu é um desses exemplos. Apenas dois metros acima do nível do mar, esta ilha com cerca de dez mil habitantes e situada no Pacífico-sul estará submersa, se as condições verificadas nos últimos anos não se alterarem, dentro de 30 a 50 anos.
A lição a retirar é simples: são os nossos actos que determinam a reacção do planeta. Apesar da vitória histórica que representou o Protocolo de Quioto, a verdade é que, volvidos tantos anos, existem países que ainda não o ratificaram e outros que não têm respeitado os limites que foram então impostos para a emissão de gases para a atmosfera. E o mais cruel é saber que são outros países, distintos dos não-cumpridores, que têm arcado com as consequências das maiores catástrofes naturais que a poluição em gera, e os gases de efeito estufa em particular potenciam ou originam. O desenvolvimento deve assumir uma forma sustentada. Não está em causa o progresso ou o desenvolvimento económico das nações, mas sim a forma de o prosseguir. Sob pena de algumas dessas nações ficarem pelo caminho, perdendo as suas populações, os seus territórios ou mesmo ambos.
Helder Reis
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