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Edição 491

A Mesada do Pedrinho

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Ricardo-GarciaO nosso primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho (PPC), sabe há muito das dificuldades de viver em Lisboa com o salário de deputado (neste ponto, o franco atirador Marinho Pinto chegou tarde). Inspirado pelo espírito empreendedor adquirido na sua passagem como líder da JSD, PPC resolveu dar vida a uma daquelas organizações difíceis de designar e com fins dúbios. O cenário da década de 90 era bem propício a estas entidades paranormais: muito dinheiro da Europa e muito Pato Bravo. E, claro, sempre com Miguel Relvas em cena.

Como qualquer pessoa, PPC não sabia quanto recebia há 19, 17 ou 18 anos. 5000€ por mês? Despesas de representação, muito fácil de esquecer. Mal serve para os gastos na capital. Viver acima das possibilidades? Culpa, minha grande culpa que todos vamos sofrer a penitência no futuro. Nesta grande narrativa, todos no passado tínhamos rendimentos fáceis de esquecer, tal era Sodoma e Gomorra neste canto. Mas PPC já teve o seu perdão, pois como sabemos, as eventuais prevaricações já prescreveram. Ardiloso este.

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E não podia faltar uma offshore em Marte, o vértice final para o habitual Triângulo das Bermudas financeiro: uma empresa para formar 1 milhão de funcionários municipais para 3 aeródromos (Tecnoforma), a habitual ONG para limpar as consciências (Centro Português para a Cooperação) e a já referida offshore para fazer circular dinheiro, sempre com Miguel Relvas no cenário. Aliás, Miguel Relvas parece aquela tia solteirona que paga uma mesada generosa aos sobrinhos, sendo até uma tia transatlântica, velha amiga de José Dirceu, o homem do Mensalão. Mas uma tia destas quer sempre algo em troca.

Uma coisa parece certa: a imagem de PPC, de homem impoluto, que não cede a pressões e renascido (à boa maneira norte-americana) não vai resistir até às próximas eleições legislativas. Veremos se o PPC político aguenta, agora que o Rio procura uma Costa para desaguar (uma vez que está em voga, também eu aproveito para pedir desculpa por esta piada fácil).

 

(Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)

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