Edição 483
“É uma ajudinha para não passar fome”
De 23 de julho a 19 de agosto, a Delegação da Trofa da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) está a entregar um cabaz com “21 bens alimentares” a “569 pessoas”, que vão beneficiar de um apoio dado pela “comunidade europeia no âmbito do Fundo Europeu de Auxílio a Carenciados.
Albina Moreira faz parte do lote de “569 pessoas” que vão beneficiar de um cabaz entregue pelo Fundo Europeu de Auxílio a Carenciados (FEAC), que contemplado com “21 bens alimentares” dados pela “comunidade europeia”.
No dia em que recolheu o cabaz, na tarde de quarta-feira, Albina Moreira salientou que a “ajuda é pouca”, mencionando que lhe foi entregue um cabaz que apenas deve durar “mês e meio”, quando deveria dar para um ano. Como exemplo, declarou que recebeu “2 a 3 pacotes de arroz para um ano inteiro”. “É uma ajudinha para não passar fome, mas uma pessoa come dia a dia e não uma vez por mês, nem por ano”, completou.
Segundo Daniela Esteves, presidente da delegação da Trofa da CVP, o FEAC é “um apoio comunitário a agregados que fizeram a sua candidatura”, tendo sido apenas contemplados “191 agregados – 569 pessoas” -, o que corresponde a “uma diminuição bastante grande daquilo que era anteriormente a taxa de pessoas abrangidas pelo programa semelhante (PCAAC – Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados)”, assim como “uma redução das próprias quantidades que são atribuídas”. “O anterior programa era dividido em duas parcelas, este vem só numa parcela, mas as quantidades não vêm na mesma proporção. As pessoas tinham uma expectativa de que este programa pudesse ao longo do ano ajudar um pouco mais, mas não é a realidade, as necessidades são cada vez maiores, as pessoas têm cada vez mais necessidades, mas este apoio verificou-se ainda menor”, explicou.
A presidente acrescentou ainda que, “daquilo que veio”, estava disponível “um quilo de arroz por pessoa para um ano”, o que “fere quem precisa” pois “um quilo de arroz para o ano inteiro não é a realidade”, tendo a delegação da Trofa decidido “complementar estes cabazes com outros géneros” que dispunham fruto de “angariações anteriores”. “Somos só meros mediadores, mas somos nós que levamos com a tristeza das pessoas por ser insuficiente. Três quilos de arroz para três pessoas durante um ano não é a realidade na barriga das pessoas. Entre pouco e nada é sempre pouco isto, só que tem que se tratar com dignidade estas pessoas que precisam de ajuda e esta não é a forma mais digna de se tratar delas”, salientou.
Em relação aos últimos apoios do PCAAC, este fundo comunitário apoiou “menos de 16 por cento das pessoas” e os que foram apoiados tiveram um “corte em 40 por cento no cabaz”. Daniela Esteves salientou que a “diminuição é bastante significativa” assim como “o aumento da necessidade das pessoas”, cabendo à delegação da Trofa da CVP “ser mais eficazes na criação de outras respostas”. “Em termos de apoio de emergência, que seriam alternativos a esta ajuda, no primeiro semestre deste ano já fizemos 198 apoios, 654 pessoas”, enumerou.
Por essa razão, a entrega da Caixa dos Sorrisos, projeto contemplado pela Missão Sorriso para apoio alimentar, está agendado para “finais de setembro e início de outubro, para que as necessidades alimentares da população trofense não fiquem a descoberto.”
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