Edição 481
Direção demissionária da Associação Humanitária não se recandidata (c/ vídeo)
Pedro Ortiga, presidente demissionário da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa, explica motivos da demissão. Na próxima semana decorre assembleia-geral para marcar eleições para órgãos sociais, mas Ortiga não pretende voltar a candidatar-se.
O Notícias da Trofa (NT) -Já há algum tempo que esta direção vinha sendo vítima de ataques anónimos. Esta demissão acabou por ser o culminar de um desgaste?
Pedro Ortiga (PO)- Os ataques anónimos são uma forma já bastante conhecida de se dizer o que apetece sem querer assumir a responsabilidade do que se diz. Vivemos um ciclo em que as pessoas sabem de tudo e não querem evoluir, pois a mudança cria-lhes desafios, para os quais sentem que podem não estar preparadas. Isto propicia o aparecimento da intriga. Um elemento da nossa direção relativamente a estes panfletos anónimos, em reunião de direção, deixou no ar uma frase que nos deixou a todos a pensar, e que vou cometer a inconfidência de a partilhar convosco: “Quando não se sabe fazer melhor, nada melhor do que criticar os que fazem, para desviar a atenção do fruto produzido e das nossas incompetências”.
Respondendo à sua pergunta, obviamente que nenhum dos 9 elementos da direção demissionária gostou de ter conhecimento do teor dos panfletos anónimos, mas continuamos serenamente focados naquilo que nos movia e naquilo para que fomos mandatados pelos associados da AHBVT enquanto direção: administrar a AHBVT, garantir a efetivação dos direitos dos sócios, elaborar orçamento e plano de atividades anual e apresentar anualmente aos associados, para aprovação, a atividade desenvolvida e relatório e contas de gerência. A melhor prova disso é que até ao dia em que apresentamos a demissão, nem uma palavra proferimos à comunicação social acerca desse tema.
NT – Na próxima semana está agendada uma assembleia geral da associação com vista à marcação de eleições. É intenção da direção demissionária apresentar candidatura?
PO – Não! Conforme referimos no nosso discurso de demissão, temos a firme certeza de que os associados estarão à altura de responder a este novo desafio que se coloca à AHBVT, e não temos dúvidas de que, conforme já dissemos “depois de nós virá quem melhor do que nós fará”!
NT- Sai revoltado com os Bombeiros ou de costas voltadas face a algumas posições tornadas públicas por alguns elementos do corpo de bombeiros?
PO – Obviamente que não. A causa dos Bombeiros Voluntários em Portugal é demasiado valiosa para ser tocada pela posição de um punhado de elementos do Corpo de Bombeiros da Trofa, ainda para mais, quando me é confidenciado apoio por muitos Bombeiros que estão com esta direção demissionária, mas que obviamente devem obediência e disciplina a quem os comanda.
Tenho pessoas, amigos de longa data, que muito respeito dentro do Corpo de Bombeiros Voluntários da Trofa, verdadeiros companheiros de ação, seja no CB da Trofa a que pertenci, seja na missão de conduzir e engrandecer a AHBVT que os detêm e mantêm. Permita-me que esclareça que não é por termos meia dúzia de árvores doentes que devemos abater a floresta.
Os associados da AHBVT saberão dar continuidade a esta grandiosa Associação, a maior do concelho, e como associado que sou e que continuarei a ser, manter-me-ei atento e colaborante naquilo que possa ajudar no engrandecimento da AHBVT e dos Trofenses.
Porque sempre comunguei e servi como voluntário no Corpo de Bombeiros e na direção, o meu bem haja a todos os atuais voluntários e também a todos os que no futuro o venham a ser. Só quem é voluntário é que sabe que quando nos damos, valorizamos muito mais quando recebemos.
NT – O problema da falta de comandante nomeado por comissão de serviço do corpo de bombeiros arrasta-se desde que a direção entendeu não renovar a comissão de serviço a João Pedro Goulart. Qual o motivo que levou a direção a tomar esta decisão?
PO – O comandamento de um Corpo de Bombeiros é realizado através de nomeação por comissão de serviço de cinco anos, cabendo à direção da Associação a nomeação ou renovação/não renovação da comissão de serviço, situação que ocorreu em abril de 2013, altura em que se impunha a esta direção renovar tacitamente a sua comissão por mais 5 anos, como seria normal e de esperar, ou pelo contrário não renovar a mesma.
Após ponderada e objetiva análise e avaliação de desempenho do Comandante João Pedro Goulart, foram apuradas um conjunto de situações que levaram esta direção a decidir unanimemente em reunião de direção de 18 de abril desse ano pela não renovação, sendo que o Sr. Comandante poderia ainda recorrer dessa decisão superiormente, situação que o Comandante João Pedro Goulart não fez.
Sendo as razões descritas de forma clara e objetiva em ata dessa reunião e comunicadas ao próprio, sem qualquer posição pública da nossa parte que não seja a breve referência hoje facultada perante a sua questão, existiu um relatório externo à direção que pesou fortemente na decisão, relatório esse que nada tem de cariz pessoal.
Numa inspeção realizada pelo Comandante Distrital de Operações e Socorro (CODIS) em agosto desse ano, foram detetadas várias irregularidades graves, das quais menciono apenas duas constantes desse relatório e que passo a citar: “Existe plano de instrução aprovado, no entanto a formação é ministrada de forma ad-hoc” e ainda “Registos individuais dos bombeiros estão muito incompletos (…) poderá a curto prazo afetar o funcionamento do CB (Corpo de Bombeiros), bem como a moral dos Bombeiros”.
Sendo a formação um dos pilares que considerávamos fundamental, e de forma acrescida para os estagiários que já a longo tempo estavam no CB; sendo o comandante formador e funcionário da AHBVT com todas as condições solicitadas a esta direção para o efeito, não era para nós exequível desviarmo-nos daquele que era o nosso principal objetivo: um Corpo de Bombeiros de excelência, excelentemente equipado e excelentemente formado. O nosso “focus” sempre foi o CB e o seu engrandecimento e essa foi a razão da nossa decisão.
NT- É público que o comandante em funções Filipe Coutinho se demitiu em março, alegando motivos profissionais. Depois desse momento, o comando passou pelas mãos de dois elementos do CB, e passadas algumas semanas voltou novamente às mãos do comandante demissionário Filipe Coutinho. Como se explica que pouco tempo depois assuma novamente o cargo de comandante?
PO –Permita-me esclarecer relativamente a esse ponto: um CB (Corpo de Bombeiros) nunca fica sem Comandante. O comandamento interino de um CB é assumido pelo elemento mais graduado, ou na impossibilidade deste, pelo elemento mais graduado imediatamente a seguir, e assim sucessivamente, até que um assuma esse mesmo comandamento, passando a partir desse momento a ser o comandante em regime de substituição.
O que aconteceu foi isso mesmo. Quando não se renovou a comissão de serviço do Comandante João Pedro Goulart, o 2º Comandante Filipe Coutinho ficou interinamente a comandar o CB, situação de prevaleceu até de 12 de março deste ano, com acordo de ambas as partes, tendo sido nessa altura solicitado pelo Sr. Filipe Coutinho a cessação do exercício de funções por razões profissionais (conforme o pedido atesta), o que levou automaticamente ao Sr. Filipe Coutinho assumir a posição hierárquica que detinha antes da nomeação enquanto elemento de Comando, isto é Bombeiro de primeira.
Nessa altura aplicando-se a letra da lei, o comandamento do CB passou para o Oficial Bombeiro de 2ª Dr. Vítor Pinto, nosso atual COM (Comandante Operacional Municipal) recentemente nomeado pelo Sr. Presidente de Câmara, e aproveito para felicitar o novo COM pela nomeação, e que face a necessidade de férias deste levou a que o comandamento passasse novamente para o elemento mais graduado, que neste caso foi o Bombeiro Chefe Fernando Costa, que permaneceu no cargo de comandante até comunicação oficial da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) que o Sr. Filipe Coutinho teria transitado para a posição de Oficial Bombeiro de 1º supranumerário, nesse momento o elemento mais graduado deste CB.
Nessa altura o comandamento foi-lhe proposto, tendo este aceite. Quanto aos motivos que o levaram a aceitar o comando neste 2º momento , admito desconhecer por completo os motivos que o levaram a reassumir o comando em regime de substituição após se ter demitido por motivos profissionais.
NT – Qual a saúde financeira da associação?
PO – Conforme é público, e tal como foi dito na nossa comunicação de demissão, financeiramente a AHBVT goza de uma saúde invejável, quando comparada com a grande maioria das suas congéneres nacionais. Tal só foi possível com a colaboração de Todos, desde os voluntários que deram o seu tempo e a sua vida à causa, passando pela população em geral e pelos associados que detêm a AHBVT na assunção das suas obrigações enquanto associados, continuando em todos os funcionários que diariamente foram engrandecendo o nome da AHBVT, e terminando nos mecenas e beneméritos que sempre estiveram ao nosso lado. É graças aos esforços conjugados deste tão vasto leque de pessoas que conseguimos apresentar esta situação financeira.
NT – Apesar de existirem opiniões contrárias, também há quem afirme que esta direção terá sido das melhores que passaram pela associação e que conseguiram o equilíbrio da mesma. Que comentário tece sobre isso?
PO – Nunca trabalhamos para sermos os melhores. Trabalhamos sim, dando o nosso melhor. Temos consciência de que fizemos efetivamente muito com pouco e em pouco tempo, com pouco ruído e sem louros nem festanças. Enfim, pensamos que conseguimos transmitir ao exterior que é possível fazer gestão profissional e competente em regime de voluntariado puro.
Nunca procuramos louros nem visibilidade pública. Fizemos o que podíamos e sabíamos em prol desta tão grandiosa associação que é a AHBVT. O nosso” focus” sempre foi a AHBVT, tentando fazer jus ao provérbio português “Os homens passam, mas as obras ficam.”
NT – Foi notória uma renovação de frota e de equipamentos nos últimos anos. Está ou esteve previsto a chegada de novos equipamentos/viaturas?
PO – Relativamente a essa matéria gostaria de lembrar que a AHBVT tem como fim, e de acordo com o constante do ponto 1 do artigo 3º dos Estatutos da AHBVT, em que refere que “A Associação tem como escopo principal a proteção de pessoas e bens,(…), detendo e mantendo em atividade, para o efeito, um corpo de bombeiros voluntários ou misto”.
Neste âmbito, compete a AHBVT proporcionar dentro das suas possibilidades o equipamento para o Corpo de Bombeiros necessário à prossecução da sua missão.
Recordar-se-ão com certeza que em abril passado e de forma absolutamente inesperada vimos uma viatura do nosso CB incendiar-se na A3, colocando inoperacional um veículo tanque, a que acresce ainda a inoperacionalidade anterior de um veículo ligeiro de combate a incêndios que detêm o chassi danificado, apresentando-se a reposição dessas duas viaturas como importantes para o CB.
Perante as necessidades identificadas, esta direção tinha deliberado, penso que ainda em maio, a aquisição de duas novas viaturas de tipologia similar para colmatar essas necessidades, viaturas que estão encomendadas e em produção, com verbas já reservadas para o seu pagamento e que acreditamos poderão estar ao serviço do CB algures em agosto.
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