Edição 460
Figurado de Barcelos em exposição na Casa da Cultura
Presépios, santos, minhotas, gigantones e galos podem ser vistos na mostra do artesão Nelson Oliveira, em exposição até 1 de março na Casa da Cultura.
Olhos embutidos, bochechas salientes, pés descalços. Estes são alguns dos traços que identificam as peças do artesão Nelson Oliveira. Mas também as cores garridas, os trajes minhotos e o galo – não fosse o artista de Barcelos – são marca identificativa dos objetos em barro que estão em exposição na Casa da Cultura até 1 de março.
Na mostra do artesão de 29 anos, um dos mais jovens que estão certificados no Figurado de Barcelos pela ADEREMINHO, podem ver-se diversos estilos de presépios, como um na vertical, feito com faiança, terracota e grés, onde os visitantes ficam na base, a vaca e o burro repousam no primeiro piso, por baixo de Maria, José e o Menino Jesus, e mais acima ainda, no topo, está o anjo. Mais arrojada ainda é a peça que coloca Maria, com Jesus ao colo, e José num segway (aparelho de duas rodas, habitualmente utilizado pelos seguranças de shoppings). Ainda no capítulo religioso, também não faltam os três santos populares, S. António, S. João e S. Pedro, a Ceia e o Cristo crucificado. Nelson Oliveira, que molda há cerca de dois anos, aposta neste tipo de objetos, pois são “os mais vendáveis”, assim como o Santo António e, em contrassenso, os diabos. “Não sei porquê, mas vende-se muitos, principalmente para a zona sul do país”, relatou durante a inauguração da exposição, na tarde de sábado, 8 de fevereiro.
Mas também se pode ver gigantones, coretos, minhotas e galos, muitos galos. O que chama mais a atenção está no piso superior da Casa da Cultura, pela sua posição ao estilo do “Senhor Incrível” (desenho animado), com as mãos na cintura.
Todas estas peças estão à venda, mas Nelson Oliveira também aceita encomendas. A aventura pelo barro começou “por acaso”, por incentivo de dois colegas artesãos que o incentivaram a passar da pintura para a moldagem. Presença assídua em diversas feiras e exposições por todo o país, o artista privilegia a certificação para “mostrar credibilidade ao cliente final”.
Como explicação para o afastamento dos jovens para atividades que exaltam as tradições, Nelson Oliveira dá a “falta de conhecimento do mercado e do que as pessoas procuram”.
Defende que um artesão não pode parar no tempo e que tem “estar sempre a criar”. “A maior parte dos clientes são colecionadores e, se hoje eles comprarem uma peça destas, para o ano tenho que fazer outra do mesmo tema, mas diferente”, explicou. As peças do artista podem ser vistas na internet, em www.nelson-oliveira.com.
O vereador da Cultura da autarquia da Trofa, Renato Pinto Ribeiro, esteve presente na inauguração e referiu que “é um prazer receber não só os artistas do concelho, como também de outros locais”. “E, sendo o Nelson um jovem, ainda mais prazer temos, porque hoje vemos que artistas jovens têm dificuldade em dar continuidade a diversas artes que vêm do passado”, afirmou.
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