Ano 2012
Para onde levam o nosso dinheiro?
Há pouco mais de um ano que o país está submetido ao pacto de agressão que o PS, PSD e CDS assinaram com a troika estrangeira, com o apoio do Presidente da República.
Impuseram-nos um conjunto de medidas de austeridade argumentando que não havia alternativas, que o país não tinha dinheiro e, por isso, teríamos que empobrecer ainda mais. Disseram-nos ainda que os sacrifícios seriam para todos e então começaram a determinar o roubo de salários, o aumento de impostos, o encerramento de serviços públicos, a destruição de postos de trabalho e, mais recentemente, alterações à legislação laboral para facilitar os despedimentos e impor o trabalho forçado sem remuneração.
Mas ao contrário do que eles dizem, os sacrifícios não são para todos. Enquanto nós pagamos a luz cada vez mais cara, a EDP, só no primeiro semestre deste ano, teve lucros de 582 milhões de euros. Enquanto os combustíveis aumentam diariamente, os lucros da GALP cresceram mais de 50%. Os sacrifícios são para os trabalhadores, para a juventude, para os reformados, para os pequenos comerciantes e industriais.
Para os poderosos, o governo continua a dar benesses. Para os bancos, para os grandes grupos económicos a torneira dos euros está sempre aberta. São eles que levam o nosso dinheiro. Vejam-se alguns exemplos:
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Os 8 mil milhões de euros públicos gastos pelo Estado para tapar o buraco do BPN chegariam para pagar durante 4 anos a totalidade dos medicamentos receitados nos hospitais e nos centros de saúde do nosso país.
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Os 450 milhões de euros já enterrados pelo Estado no BPP dariam para repor o abono de família às centenas de milhares de famílias que ficaram sem este apoio social.
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Os 12 mil milhões de euros disponibilizados à banca pelo empréstimo da troika são mais do que todas as pensões pagas pela segurança social aos reformados portugueses.
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O que vamos pagar de juros do empréstimo da troika daria para pagar todos os salários de trabalhadores da administração pública durante 4 anos.
Este é um governo com uma clara política de classe, ao serviço dos poderosos, que está a conduzir o país para o abismo. É cada vez mais claro que o pacto de agressão das troikas não resolve nenhum dos problemas do país, agrava-os a todos!
Por isso, urge recusar este caminho de desastre que inferniza a vida ao povo. Urge reclamar outra política, que assegure a distribuição da riqueza, a valorização dos salários e pensões e a justiça social. Urge pôr o país a produzir, aproveitando todas as suas potencialidades e reduzir o défice da balança comercial substituindo exportações por produção nacional. Urge renegociar a dívida. Urge recuperar as parcelas de soberania roubadas e assegurar uma política de desenvolvimento económico do país.
Há alternativas, desde que se afrontem os interesses instalados, desde que não sejam sempre os mesmos a pagar.
Jaime Toga
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