Ano 2011
Cientista trofense separa membranas híbridas
Desde cedo que os tubos de ensaio, os reagentes químicos e os laboratórios fazem parte integrante da vida de Sónia Pinto. Esta jovem trofense desde cedo demonstrou vocação para as ciências exatas o que a fez, mais tarde, ingressar na licenciatura de Engenharia Química, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), concluindo-a com média de 17 valores.
“O gosto pela ciência surgiu há muitos anos atrás… quando estudava no Ensino Básico. E até ao Ensino Secundário as ciências exatas sempre foram a minha paixão. Era um prazer para mim estudar disciplinas como física, química ou matemática, porque sempre tive apetência para elas. Por isso, é que não hesitei em ir para o curso de Engenharia Química, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, porque tinha tudo a ver comigo”. Foi desta forma que Sónia Pinto se apresentou em entrevista do NT. À primeira vista, é certo e sabido que a tabela periódica, as moléculas, os átomos e os iões fazem parte do dia a dia da vida desta jovem cientista, mas o que a faz ser “especial” é o facto de já ter recebido prémios como o “Eng. António de Almeida” e “Eng. Cristiano Spratley”.
A persistência e a vontade de saber sempre mais fizeram com que Sónia Pinto nunca abandonasse a investigação. Após ter concluído a sua licenciatura em 2006 a jovem trofense decidiu prosseguir para o doutoramento em Engenharia Química e Biológica e fazer um estudo sobre as “Novas Células de Membranas Híbridas para Separação – um estudo de dinâmica de fluidos computacional” com o objetivo de “desenvolver um processo de separação através de membranas mais rentável para a indústria. Uma vez que a indústria pretende é mais produto e menos custos”.
Tudo começou quando “no último ano (5º ano) do curso, na disciplina – Projeto de Investigação” o seu orientador lhe deu a conhecer “este estudo sobre a separação das membranas híbridas” e Sónia não hesitou em agarrá-lo com unhas e dentes uma vez que era “um projeto inovador e original” . Vestiu de imediato a bata, calçou as luvas e começou a trabalhar no tema “New Separation Hybrid Membrane Cells – a CFD study”. Segundo Sónia “as membranas são películas extremamente finas que impedem a passagem de uns componentes e deixam passar outros. E essas membranas são utilizadas na indústria para separação de componentes, nomeadamente proteínas do leite, por exemplo, ou componentes orgânicos voláteis das águas residuais”. Durante os cinco anos do doutoramento a cientista dedicou-se ao estudo da eficiência na separação das ditas células e demonstrou isso “matematicamente, por simulação numérica, através de um código de programação” desenvolvido por ela.
Este é um projeto inovador visto que “ainda não existe no mercado” mas que segundo Sónia não tardará a ser rentabilizado. “Após todo este estudo da simulação numérica, estão reunidas as condições para “fabricarmos” essas membranas no nosso laboratório e testar a separação, que, com certeza, será mais rentável do que se as Membranas Híbridas poderão vir um dia a serem vendidas no mercado para a indústria”, afirmou.
Pode-se dizer que a vida desta cientista sempre foi “centrifugada”, ou seja, uma vida agitada, enquanto fazia o seu doutoramento Sónia Pinto dava aulas na FEUP e fazia, simultaneamente, a investigação de pós-doutoramento. Desengane-se quem pensa que a vida de um cientista apenas se limita a equações matemáticas, físicas ou químicas. Sónia é o exemplo de que isso não é verdade. “Tenho contactado com grandes cientistas de renome internacional. Não são só americanos, mas também de outras partes do mundo. Todos os anos nos juntamos em congressos científicos internacionais, para expormos o nosso trabalho em comunicações orais e para a troca de opiniões e ideias. Não só nos encontramos nos Estado Unidos como também, Hungria, República Checa, França, Eslováquia, e mesmo aqui em Portugal. Estas experiências têm sido fantásticas e bastante enriquecedoras, não só a nível científico como também a nível pessoal”.
Sónia admite que não vai ficar apenas associada ao “projeto das membranas híbridas”, como também vai estar associada a outro “mais ligado ao ramo de Engenharia Biomédica: estudo do escoamento sanguíneo. Futuramente, estarei associada, certamente, a mais projetos e à docência”.
Para esta cientista nata “a investigação nunca pára!”.
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