Ano 2011
“Tudo o que podíamos fazer, fazíamos”
No âmbito do Ano Europeu do Voluntariado, o NT está a divulgar – ao longo do ano – algumas histórias de pessoas que fizeram ou fazem voluntariado, tentando descortinar o que motiva alguém a dar de si sem esperar nada em troca. Conhecida por Mariazinha Pimentel, esta jovem de 83 anos foi voluntária da Cruz Vermelha Portuguesa aproximadamente 20 anos.
“Gosto de ajudar o próximo e foi isso que me fez ser voluntária da Cruz Vermelha Portuguesa. O meu primeiro contacto com o voluntariado foi na delegação de Santo Tirso. Trabalhei em conjunto com a dona Odete Maia muitos anos, mas numa certa altura surgiu a ideia de criar um núcleo na Trofa da Cruz Vermelha. A partir daí foi trabalhar com muito afinco, todos os dias, para ajudar os mais carenciados. Começámos a fazer tômbolas, peditórios em empresas, nas ruas e até nos hipermercados, na altura do Natal, para angariarmos bens alimentares e fazermos os cabazes de Natal.
Orgulho-me de ter ser sido uma das pessoas que contribuiu para a criação da Cruz Vermelha Portuguesa – núcleo da Trofa, que teve a sua primeira sede na Rua Camilo Castelo Branco.
Esta experiência de ter sido voluntária nesta instituição não serviu apenas para eu me sentir bem comigo mesma por ajudar o próximo, mas também para conhecer e lidar com vários tipos de pessoas. Posso dizer que trabalhei com pessoas muito boas, que jamais esquecerei, uma delas já não se encontra entre nós: a conhecida voluntária Milú (Maria de Lurdes Veloso).
Na Cruz Vermelha ajudámos muitas pessoas não só do concelho como também emigrantes que chegavam à Trofa e não tinham trabalho, casa, roupa e muito menos comida. Tudo o que nós podíamos fazer por estas pessoas, fazíamos. Algumas delas passam hoje por mim e cumprimentam, o que é muito gratificante. Fiz muitos amigos!
Todos os dias passados naquela instituição foram positivos para mim. Mas é claro que recordo dois em especial, um quando entregámos a carrinha à Cruz Vermelha e onde as minhas colegas me fizeram uma homenagem e o outro quando houve a inauguração da segunda sede e eu fui condecorada pelo Governador Civil do Porto por ser uma das mais antigas voluntárias da Cruz Vermelha da Trofa, quer em anos de voluntariado quer em idade.
Mas este ‘bichinho’ do voluntariado não ficou só em mim, a minha filha do meio também foi voluntária e a minha filha mais nova também chegou a contribuir para a instituição, oferecendo bolos para a tasquinha.
Eu gosto muito da Cruz Vermelha e adorava ser voluntária, pois chegava ao final do dia e sinta-me bem comigo mesma por ter ajudado alguém. Mas a idade e o cansaço falaram mais alto e foi então que tive de deixar o voluntariado, pois já não me sentia com forças.
Deixo um apelo: faça voluntariado, ajude aqueles que mais necessitam.”
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