Ano 2010
Rotary da Trofa homenageou Alberto Carneiro
Alberto Carneiro, foi homenageado pela primeira vez no concelho da terra que o viu nascer. O Rotary Clube da Trofa quis reconhecer o trabalho do escultor de S. Mamede do Coronado.
Depois de reconhecido no país e no mundo por todo o contributo que tem dado à arte, a Alberto Carneiro só faltava mesmo ser homenageado pelo concelho da terra que o viu nascer. Coube ao Rotary Clube da Trofa protagonizar no concelho a primeira iniciativa realizada de reconhecimento pelo percurso e carreira do escultor de S. Mamede do Coronado.
A homenagem decorreu numa das reuniões do Rotary, no Restaurante da Julinha, em Bairros, e reuniu vários elementos da associação do concelho, de Santo Tirso, Ermesinde e Barcelos, do Rotaract e Interact Clube da Trofa.
Todos os anos o Rotary da Trofa homenageia, no mês de Outubro, uma individualidade pela sua carreira de sucesso.
“A ligação” que António Charro tem “à arte e arquitectura” foi o ponto de partida para que a associação decidisse homenagear o escultor, considerado “a maior individualidade da Trofa na área das artes”. “O seu universo é tão grande que, dificilmente, cabe no nosso concelho, contudo as suas raízes estão aqui, tanto que voltou sempre ao seu lugar de origem para difundir todo o seu conceito de estar no mundo e a ligação com os outros e a vida”, frisou.
Apesar de não ter sido “propositado”, o facto de o Rotary ser a primeira entidade trofense a homenagear Alberto Carneiro encheu “de orgulho” os responsáveis da associação. “Surgirão outras (homenagens) com mais valor até que a nossa, que foi um acto simples e singelo, mas acredito que foi nesta simplicidade e forma de estar que Alberto Carneiro aceitou esta homenagem”, referiu António Charro.
Joana Lima, presidente da Câmara Municipal, também quis estar presente na reunião, que representou “a expressão da memória, da gratidão e do reconhecimento dos valores profissionais e da vitalidade dos recursos da Trofa”.
“A respeito das muitas homenagens que têm sido feitas a esta figura das nossas artes dentro e fora de Portugal, temos ainda assim que reconhecer que haverá sempre um défice em aberto, a homenagem na sua terra Natal, onde ainda hoje trabalha. Se a cultura portuguesa reconhece a importância, o contributo e o valor de Alberto Carneiro, não há medida para a gratidão”, asseverou.
Também José Ferreira, presidente da Junta de S. Mamede do Coronado, quis “dar o especial agradecimento por toda dignidade que Alberto Carneiro trouxe à freguesia através da sua obra e de todo o percurso que fez ao longo da sua vida”. E não deixou de lançar um desafio ao escultor: “Gostaria imenso que deixasse a S. Mamede alguma marca pessoal para a posteridade e para as gerações futuras, para que possamos transmitir aquilo que foi o professor Alberto Carneiro”.
Em jeito de resposta, o artista afirmou que “não há ninguém mais interessado” do que ele próprio em concretizar esse “desejo”, no entanto pede “às forças vivas que se movam”. “Há um desejo de que em S. Mamede pudesse ficar alguma coisa que, segundo as palavras dele (José Ferreira), perpetuasse a minha obra. O espaço existe e estava destinado para isso, pois era um plano de Santo Tirso, mas por vicissitudes várias não continuou ou ficou no intervalo. Espera-se que haja iniciativa. Eu estou disponível para isso”, frisou.
Quanto à homenagem, o escultor afirmou que “os prémios são sempre o reconhecimento e para quem os recebe são gratificantes”. Questionado sobre se a dimensão da iniciativa não é diminuta para a expressão do percurso artístico que trilhou, Alberto Carneiro frisou que “qualquer homenagem é avaliada pela sua generosidade, é valiosa e tão importante como qualquer outra”.
Um artista do mundo em S. Mamede
Alberto Carneiro é um escultor consagrado e seguido por gerações de jovens artistas, foi professor de escultura na Escola de Belas Artes do Porto e leccionou na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Assumiu a Direcção Pedagógica e Artística do Círculo de Artes Plásticas da Universidade de Coimbra, é autor de textos e livros sobre arte e pedagogia e participou em inúmeros cursos, debates e seminários sobre arte e dinâmica corporal.
Foi protagonista de mais de 70 exposições nacionais individuais e participou em mais de cem mostras colectivas no país e no estrangeiro, associando o nome da Trofa ao seu talento e percurso de sucesso.
As suas obras estão expostas em várias cidades do país e com elas já recebeu inúmeras distinções, como o Prémio Nacional de Escultura, o Prémio Nacional de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte e o Prémio de Arte do Casino da Póvoa de Varzim.
Representado em numerosos museus e colecções no país e além-fronteiras e apesar de toda esta glória, Alberto Carneiro – que recusou ingressar no seminário para abraçar a arte – regressou à terra de origem para alimentar a sua paixão e manter-se fiel às suas raízes.
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