Ano 2010
Feira das Tradições recordou passado no Parque
Associação Cultural e Paroquial de S. Martinho de Bougado encheu Parque Nossa Senhora das Dores com costumes de outros tempos durante a Feira das Tradições.
O cheiro a pataniscas quentes misturava-se com o aroma do pão com chouriço acabado de cozer no forno instalado numa ponta do Parque de Nossa Senhora das Dores. Protegidas pelas copas das árvores, as vendedoras gritavam pregões anunciando os seus produtos. Frutas e legumes misturam-se nas cestas de vime e as cabaças ainda verdes estavam expostas no chão, juntamente com sacos de milho, feijão e moinha (espécie de palha suave e seca resultante do milho que servia para encher almofadas).
Mais à frente, as compotas caseiras e o mel enchiam algumas mesas. Outras bancas vendiam doces e bolos tradicionais, como rabanadas e leite-creme. Uma ou outra bancada tinham expostos tapetes artesanais, peças em linho e medalhas minhotas em ouro. Para os mais novos, os brinquedos de madeira coloridos convidavam a uma birra para que os pais comprassem um pião ou um tambor, mas nem era preciso muito, pois pais e mães lembravam com carinho as brincadeiras de outros tempos.
Entre danças e encenações, quem passou pelo Parque na tarde de domingo recordou ou ficou a conhecer outros tempos durante a Feira das Tradições organizada pela Associação Cultural e Paroquial de S. Martinho de Bougado.
E nem os jogos antigos faltaram. O “sai sapo” atraía a atenção de quase todos os transeuntes, que paravam a assistir às tentativas dos jogadores em introduzir as anilhas metálicas dentro da caixa de madeira com um pequeno orifício. “Não pode jogar com raiva, que assim não acerta”, dizia o proprietário do jogo, meio divertido quando alguém já exasperava por não conseguir acertar no buraco.
Sorte idêntica tiveram José Sá, presidente da Junta de S. Martinho de Bougado, e Luciano Lagoa, o pároco da freguesia, que depois de várias tentativas falhadas decidiram dar a vez a outros. Quem conseguisse a proeza levava um grande frango branco para casa. Já José Magalhães Moreira, vice-presidente da autarquia, preferiu não experimentar o jogo e limitou-se a dar apoio aos colegas. Na tasca improvisada, as malgas brancas enchiam-se com o vinho tinto ou com o vinho novo, feito há apenas alguns dias.
A Feira das Tradições tinha como objectivo reunir fundos para que a associação continue a melhorar o Salão Paroquial de S. Martinho de Bougado. Dina Sousa é um dos elementos da associação e explicou que a ideia de organizar a Feira surgiu depois de “algumas pessoas mais velhas” terem recordado a Feira “que se realizava há 30 anos”. Aproveitando as descrições dessas pessoas, a associação convidou outros feirantes e colectividades, como ranchos e grupos folclóricos, para participarem na iniciativa.
Estas associações pagaram uma pequena taxa e tiveram oportunidade de mostrar o seu trabalho, enquanto amealhavam as verbas das vendas dos produtos. Com os fundos conseguidos pela taxa aplicada aos feirantes improvisados, a Associação Cultural e Paroquial de S. Martinho de Bougado pretende adquirir cadeiras para o Salão Paroquial, cuja criação também foi da sua responsabilidade.
(clique sobre a imagem para ver em tamanho grande)
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